Bruno Lyra
A imagem capturada por drone da enorme mancha de poluição levada pelo rio Jacaraípe para a praia do Barrote é o retrato do saneamento básico da cidade. A Serra é o primeiro município do Espírito Santo a receber uma Parceria Público-Privada (PPP) para coleta e tratamento de esgoto.
A PPP está em vigor desde janeiro de 2015, ou seja, há 3 anos e 4 meses. Vendida como panaceia contra a falta de dinheiro para melhoria quantitativa e qualitativamente o serviço, a parceria redundou na vinda da empresa Serra Ambiental, que passou a operar as redes, elevatórias e Estações de Tratamento de Esgoto (ETE´s) da Cesan na cidade.
A Cesan passou remunerar a Serra Ambiental usando a taxa de esgoto, que custa 80% do valor da conta de água paga pela população. À Serra Ambiental cabe implantar mais rede de esgoto e melhorar o serviço das estações de tratamento de esgoto, seja melhorando a tecnologia e até construindo novas ETE´s.
De fato a Serra Ambiental vem implantando novas redes de coleta, que na prática redundam em mais gente atendida pelo serviço e também mais lucro, uma vez que amplia a cobrança pelo tratamento nas contas de água. Mas e as melhorias das ETE´s? E a construção de novas estações?
Essa é uma das maiores deficiências, pois a maioria das estações foram construídas décadas atrás, quando a população era menor. Nem sinal de investimento da Serra Ambiental nesta seara. Pelo contrário. Foi anunciada a duplicação da ETE Manguinhos, uma das mais novas e modernas, mas com dinheiro público. Sim, a Cesan fará a obra com financiamento do Ministério das Cidades.
Enquanto isso, nesses três anos, ninguém percebeu melhora nos mananciais e praias da cidade. Pelo contrário, a percepção é a de que o problema só faz agravar. As lagoas Baú, Carapebus, Maringá, Jacuném e Juara já estão sem qualquer condição de balneabilidade.
Os córregos São Diogo, Guaxindiba, Maringá, Laripe, Irema, Das Laranjeiras, Capuba e Preto, além do rio Jacaraípe, são verdadeiros canais de esgoto a céu aberto a sujar praias e afugentar turistas. A PPP já rendeu CPI na Câmara, cuja conclusão apontou para inconformidade entre cobrança e prestação do serviço à população. A Serra Ambiental já foi multada seis vezes pelo meio ambiente do município por jogar esgoto sem tratamento nos mananciais, as penalidades chegam a R$ 360 mil e já tiveram recursos negados.