Por Bruno Lyra
A Secretaria Estadual de Segurança Pública (Sesp) divulgou na última semana o número de assassinatos em todo o Estado e também por município no ano de 2018. E apesar de ainda manter a liderança em números absolutos com 187 casos, a Serra teve recuo de 40% e pela primeira vez em 23 anos não lidera os percentuais de homicídios, medidos a cada grupo de cem mil habitantes. Com taxa de 36,2, a cidade ficou atrás de Linhares, São Mateus e Cariacica.
Nos últimos anos, os dados oficiais vêm apontando queda de assassinatos da Serra, mesmo com o pico de casos durante a greve da PM em fevereiro de 2017. Curioso é o fato da queda acontecer num momento de retração econômica, onde além da crise nacional sentida com força a partir de 2014, o Espírito Santo sofreu com a paralisação da Samarco (2015), desinvestimentos da Petrobrás, mudança nas regras de distribuição dos royalties, fim do Fundap e superseca. Locomotiva da economia capixaba, a Serra sentiu o baque. Tudo isso conjugado com a precarização paulatina da assistência social. Enfim, um extenso contexto de empobrecimento, que quase sempre vem acompanhado de mais tensão social.
Mais do que crise conjuntural, a cidade não tem neste período nenhum grande projeto que gerasse crescimento populacional por imigração, tal como aconteceu nas décadas de 1970 e 1980 com a implantação da Vale do Rio do Doce (Vale) e CST (ArcelorMittal Tubarão), além dos Civits I e II. Crescimento que seguiu com a expansão das duas gigantes da siderurgia no início do séc XXI e com o boom imobiliário.
O comando da PM na cidade, diz que uma das explicações para a queda dos homicídios nos últimos anos é a apreensão de armas de fogo ilegais, estatística em que a Serra é líder. E também o foco na prisão de homicidas que atuavam nos bairros com maior histórico de assassinatos. Faz sentido.
Há também que se considerar a estruturação da Guarda Civil Municipal. A presença dos agentes na rua pode ajudar a reprimir ações criminosas. Outras ações do município como melhoria da infraestrutura urbana em bairros e regiões mais vulneráveis também não podem ser desprezadas como inibidoras da matança. Até a expansão da segurança privada e a proliferação formal e informal de videomonitoramento somam nesse cenário.
Resta saber se menos violência irá redundar na atração de novos investimentos e oportunidades para a Serra.