Lula solto, Bolsonaro criando novo partido, aliança Rede e PDT em nível nacional… Tudo isso pode mexer com o tabuleiro eleitoral da Serra, mas que predominantemente ainda deve ser protagonizada por questões locais, naturalmente.
Com Lula em liberdade, o PT da Serra já se assanhou para lançar candidato. Resta saber qual o tamanho e capacidade de transferir votos. É expressivo, certamente, mas a rejeição de Lula continua sendo maioria, conforme mostrou recente pesquisa da consultoria Atlas.
O PT da Serra não tem nenhum nome de recall no grosso da população da Serra, e faltando 11 meses para eleição, se comunicar com 320 mil eleitores é uma tarefa complicada. Ainda é solução para o PT ‘lançar alguém’ e compor no segundo turno. Quem mais se aproxima disso seria Sérgio Vidigal (PDT), que em tese está no campo da esquerda e tem chances boas de 2º turno. Difícil será justificar para o petista orgânico, já que Vidigal votou a favor do impeachment de Dilma.
Já Bolsonaro precisa correr contra o relógio para montar um partido viável até março de 2020 que o possibilite legalmente de participar da eleição. Isso pode fragilizá-lo, já que o PSL se transformou num barril de pólvora. Na Serra, a família Manato seguirá tocando os bolsonaristas, seja oficialmente no PSL ou extraoficialmente no Aliança Pelo Brasil. Fala-se que o vereador Cabo Porto (PSB) pode se filiar ao partido de Bolsonaro, seja o ‘novo ou o velho’.
Mas para prefeito, complicou. Manato, assim como já declarou, tem uma conversa avançada com Vandinho Leite (PSDB), que desponta com potencial na eleição. Poderia ser uma saída para viabilizar-se num polo já estruturado.
Já a aliança do PDT com Rede, que na visão de alguns poderia significar uma união Audifax-Vidigal, é devaneio. Estes são inimigos, independentemente de qualquer questão partidária. Inclusive, a polarização dos dois deve dar a tônica da eleição: tanto o desgaste dela por conta desse ciclo de 24 anos no poder, bem como o recall de realizações que ambos têm.
Na prática, questões nacionais são expressivas, mas a Serra ainda raciocina ‘Audifax vs. Vidigal’ e o potencial de surgimento de uma terceira via. Esse deve ser a linha mais perene de 2020 na Serra.