Mestre Álvaro
Yuri Scardini é autor do livro 'Serra: a história de uma cidade' e escreve sobre política e economia

Opinião | Terceira estrada ligando Serra e Vitória pode reorientar expansão urbana da cidade

Terceira ligação Serra e Vitória
Terceira ligação rodviárias entre Serra e Vitória deve passar por dentro do Complexo de Tubarão. Crédito: Divulgação.

Nesta semana, o Prefeito da Serra, Sergio Vidigal anunciou um passo importante em direção a criação de uma nova rodovia que interligará Serra a Vitória. O financiamento para essa ambiciosa infraestrutura virá de um empréstimo internacional, e o projeto contempla uma via que cruzará o Complexo de Tubarão, estendendo-se até a capital pelo litoral, informou o prefeito. Além disso, a saúde fiscal da Prefeitura da Serra em boa situação, como apontam dados do Tribunal de Contas do Espírito Santo, o momento parece propício para avançar com a proposta.

Esse é um projeto que se discute há anos e até agora enfrentou obstáculos. Seja pelas complexidades técnicas, barreiras políticas, altos custos ou a relutância da mineradora Vale, o projeto permaneceu engavetado. No entanto, a busca por financiamento internacional sugere que estamos chegando a um ponto de virada, já que essa modalidade implica em prazos e critérios técnicos claramente estabelecidos.

Embora a iniciativa beneficie especialmente a Serra e Vitória, seu impacto se estende por toda a Grande Vitória, dada a natureza metropolitana da região. Até o momento, apenas a cidade da Serra manifestou intenção de financiar a obra, sem nenhuma sinalização de cofinanciamento por parte de Vitória.

A terceira ligação entre as duas cidades não é somente necessária, mas pode significar um novo marco de desenvolvimento para ambos os municípios, já que a maior integração urbana pode trazer benefícios econômicos e imobiliários às duas cidades. Embora Vitória não esteja dividida pelo mar com a Serra – diferente de Vila Velha, ou Cariacica pelo estuário do Rio Santa Maria – desde 1960 as duas cidades estão separadas pelo litoral com o Porto de Tubarão, que passou a ser um complexo mínero-siderúrgico nos anos seguintes. O que acarretou isolamento territorial das comunidades sul litorâneas da Serra.

Naquele momento, o território da Serra se estendia até o Canal de Vitória. Foi só após 1963, quando a Assembleia Legislativa aprovou um novo marco de divisas, que o distrito de Carapina foi recortado por uma linha imaginária, recriando a zona continental da cidade de Vitória.

Para entender a importância deste projeto, é preciso observar o histórico da infraestrutura viária na região. A interligação entre Serra e Vitória sempre representou um desafio para os municípios. Até o surto rodoviário do início do século passado, o principal meio de acesso a capital era fluvial, através do Rio Santa Maria da Vitória pelo Porto de Una no distrito de São José de Queimado, ou, pelo Canal do Escravos construído nas baixadas leste do Mestre Álvaro. Por terra, a Estrada Geral da Costa era limitada, custosa e perigosa.

A primeira estrada de rodagem foi inaugurada ainda na década de 1920, nos governos de Nestor Gomes, Florentino Avidos e Aristeu Borges de Aguiar. Tratava-se de uma estrada de terra batida, que daria origem a BR-101. Porém, o atual traçado assim como a pavimentação completa só ocorreu nos anos 70 durante o regime militar.

A segunda ligação foi a Rodovia Norte-Sul, concebida em 1986 e incorporada ao Programa de Aglomerados Urbanos Brasileiros (AGLURB) do Governo de José Sarney. A proposta foi interligar Serra e Vitória a partir do Civit I até a orla de Camburi, passando pelo Terminal de Laranjeiras (que já estava com obras em execução), criando um eixo paralelo à BR-101, cortada pela ES-010, e que se conectasse à Avenida Brasil, em Novo Horizonte, para absorver o tráfego gerado pela antiga CST – atual ArcelorMittal – e pela Vale do Rio Doce.

Desde então, quase quatro décadas se passaram sem novos projetos rodoviários, enquanto a expansão urbana continuou acelerada, especialmente na Serra. Neste período, houve investimentos de melhorias como a duplicação do trecho Serra Sede e Carpina, além do recém-inaugurado Complexo Viário de Carapina.

Ainda se espera a inauguração do Contorno do Mestre Álvaro, que pode ressignificar a face oeste da Serra e desafogar o trafego na atual BR-101, mas evientememte não se trata de uma conecção direta Serra-Vitória.

Neste cenário, a terceira ligação entre Serra e Vitória pode dar um fôlego para as próximas décadas no que diz respeito a integração urbana viária entre os municípios. Para um investimento desse porte sair do papel, um longo caminho burocrático precisa ser percorrido. Mas o empréstimo internacional, anunciado pelo prefeito, é o passo mais concreto dado nesse sentido.

Ainda não há detalhes esclarecedores sobre o traçado dessa nova rodovia, que serão apresentadas nas próximas semanas. Sabe-se, porém, que vai passar pelas dependências da Vale e que a mineradora já sinalizou para a doação da área. A construção de uma terceira via pode reorientar o crescimento e os investimentos para áreas até agora pouco exploradas, de maneira similar ao que aconteceu em Vila Velha após a construção da Terceira Ponte, quando  a região da Praia da Costa em Vila Velha vivenciou um surto imobiliário.

A Serra tem 23 km de litoral, e historicamente subutilizou essas áreas, uma vez que o Planalto de Carapina recebeu os maiores investimentos a reboque dos grandes projetos industriais. A realização desse projeto, caso concretizada, promete não apenas melhorar a mobilidade urbana, mas também marcar um novo capítulo na história de desenvolvimento da região sul da Serra.

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