Por Yuri Scardini
Com o passar dos dias, desde que estourou a crise institucional na Serra há três semanas, a política local vai caindo na realidade. Na avaliação de muitas lideranças políticas daqui e de fora da cidade, essa crise que colocou em choque o prefeito Audifax Barcelos (Rede) e parte da Câmara de Vereadores vai desgastar a todos e não haverá resultados objetivos para nenhum dos lados.
Isso quer dizer que nem Audifax vai conseguir suprimir em totalidade o movimento de oposição capitaneado pelo presidente do Legislativo, Rodrigo Caldeira (Rede), e nem os vereadores vão conseguir cassar o prefeito. Na prática, esse cabo de guerra vai fazer “sangrar” politicamente ambos os lados por esses longos 21 meses que restam de mandato.
Já a população, alheia a todo esse bastidor, desconfiada, insatisfeita com a política brasileira e mergulhada nas diversas crises federativas de desemprego, fome, dengue e afins, vai colocar todo mundo na mesma vala. Isso porque há um tiroteio de acusações mútuas que faz qualquer um ficar zonzo e também por saber que não há pureza na política, e o que vale mesmo são os diversos interesses.
E os vereadores, que parecem ter pautado suas realidades em torno de grupos de Whatsapp que pouco têm ressonância num sociedade de meio milhão de pessoas e que já vêm de um longo desgaste em suas imagens públicas devido ao histórico de confusões na Câmara, podem acabar todos no mesmo barco.
Quem está morrendo de rir é o exército de cerca de 500 futuros candidatos ao cargo de vereador em 2020, que terão as portas abertas em diversos partidos e que já percorrem nas ruas se vendendo ao eleitor como antítese dessa bandalheira política. Isso deve potencializar a onda de renovação observada no Brasil em 2018 e tem tudo para varrer a Serra em 2020.
O trunfo de Audifax é que ele não estará diretamente na eleição e, na pior das hipóteses, caso saia do mandato desgastado por conta do movimento oposicionista, ele pode se abster de, publicamente (apenas publicamente, para frisar), apoiar alguém em 2020.
Audifax quer ser governador, e mesmo com essa crise política na Serra, há outras 77 cidades capixabas totalmente alheias a isso. Portanto, em nada mudaram os planos do prefeito, que vem em intenso trabalho de bastidor junto com os deputados Erick Musso (PRB) e Amaro Neto (PRB) para formar um “novo” grupo político no Espírito Santo sob olhos atentos do ex-governador Paulo Hartung (sem partido), queridinho do apresentador Luciano Huck, cotado como presidenciável nos próximos anos.