Eci Scardini
Mal o prefeito Audifax Barcelos (Rede) saiu das urnas eleito para o terceiro mandato, e já se lançou pré-candidato a governador do Estado, em eleição a ser realizada em outubro de 2018, daqui a dois anos. A iniciativa causou euforia entre seus colaboradores, perplexidade em boa parte do eleitorado, que atendeu o seu pedido e lhe confiou mais quatro anos de mandato. E pegou de surpresa o mercado político.
Mas, uma iniciativa como essa não sai do nada e também não é fruto da cabeça de uma única pessoa também não. Há nos bastidores duas versões para o fato, que ganhou as páginas dos principais jornais da capital e até hoje, rende notas ali e acola nos editorias dos jornais A Gazeta e A Tribuna.
O mote para a candidatura de Audifax é a necessidade que o Rede tem, de ter candidato a governador em todos os estados e Barcelos, que administra a maior cidade entre os prefeitos redistas, estaria gabaritado a pleitear o cargo.
Uma versão aponta que a autoria da sugestão ao prefeito de se lançar pré-candidato ao Governo, partiu do próprio ocupante da principal cadeira do Anchieta, que é o governador Paulo Hartung (PMDB). Segundo uma fonte com acesso ao governador, a intenção é diminuir as possibilidades de Renato Casagrande (PSB) retornar ao governo, na eleição de 2018.
Com Audifax candidato, Casagrande perderia um importante ‘cabo eleitoral’ e, mesmo o PSB assumindo o comando do Executivo local, o eleitorado aqui ficaria dividido entre o próprio Audifax, Casagrande e Hartung ou quem ele indicar.
Uma outra fonte, com acesso aos ninhos socialistas e redistas, enfatiza que a ideia surgiu depois de uma longa conversa que envolveu o próprio Audifax, Casagrande e o prefeito de Vitória, Luciano Resende (PPS). A tese é de que há a necessidade de se construir outros nomes de peso para disputar o cargo de governador do Estado e também os de senador, fora do grupo de Hartung e que integre os partidos PSB, PPS e Rede, que estão unidos no plano estadual e com muitas afinidades no plano nacional.
Dever de casa na Fams e na Câmara
De acordo com a análise do interlocutor, Hartung conta com o senador Ricardo Ferraço e o vice-governador Cesar Colnago, ambos do PSDB, para formar uma competitiva chapa majoritária (governo e dois senadores), para a eleição de 2018.
O surgimento do nome de Audifax, além de tirar todos os holofotes da imprensa e as ‘metralhadoras’ de Hartung de cima de Casagrande, possibilita formar uma chapa competitiva para contrapor ao grupo do governador Paulo Hartung.
A estratégia parece ser Audifax dar esse primeiro start e voltar correndo para tomar conta da Serra, onde os problemas pipocam a todo instante. O tempo vai tomando conta de consolidar ou não à ideia, até porque 2018 ainda está longe. Uma certeza o interlocutor tem: Casagrande está disponível para ser candidato a governador, senador e até a deputado federal. Portanto, se Audifax tiver viabilidade eleitoral, pode de fato ser candidato à cadeira maior do Palácio Anchieta.
Voltando os olhos para o cenário político da Serra, muito se falou em despolarização, mas após o pleito que consagrou à reeleição do prefeito Audifax Barcelos (Rede), a cidade segue com forte disputa de poder e espaço entre audifistas e opositores ligados a Sérgio Vidigal (PDT). A eleição da Mesa diretora da Câmara de Vereadores e a eleição da Federação das Associações de Moradores da Serra, a Fams, são vistas um como termômetro para se entender o tamanho do folego que a oposição vai ter para fazer frente ao terceiro mandato do prefeito Audifax. Além de ser uma bela oportunidade de testar a capacidade política do prefeito em fazer o ‘dever de casa’ e construir um ambiente mais favorável ao seu governo na Câmara e na Fams.