Por Bruno Lyra
Efetivado no início deste mês, o entreposto da Zona Franca de Manaus na área da Terca em Cariacica fica a menos de 2 km da divisa com a Serra, na região da Rodovia do Contorno (BR 101). O entreposto funcionará como centro de armazenamento e distribuição dos produtos feitos no Amazonas e espera-se que atraia 150 empresas. A expectativa é que, no ES, além dos empregos diretos, estimule o crescimento do setor de logística e transporte.
Nesse sentido, a Serra precisa se mobilizar para aproveitar essa oportunidade, uma vez que abriga expressivo parque com empresas de transporte e logística. Sem contar que ao longo do Contorno, possui polos empresariais e industriais: TIMS, Piracema e Jachuy. Ato contínuo, a cidade tem que se cacifar para receber outro projeto ainda mais robusto, o da Zona Franca do Espírito Santo, em trâmite no Congresso Nacional.
A aposta na logística é imprescindível para a Serra e ES se livrarem da sinuca de bico que o modelo econômico dos últimos 50 anos impôs: dependência das atividades industriais de base e produção de commodities. Hoje a economia capixaba é mantida pelo pilar siderurgia/petróleo/celulose. Setores ligados ao mercado internacional e sujeitos às oscilações conjunturais. A ameaça de Trump em taxar o aço importado pelos EUA em 25% é só um exemplo.
Porém, mais importante ainda são as mudanças estruturais da economia. Num mundo em que a tecnologia evolui rápido e ao que mesmo tempo vê crescer a pressão contra atividades que geram aquecimento global e usam muita água, quem apostaria que petróleo, aço feito com minério de ferro virgem e papel fabricado com madeira de monocultura extensivas vão continuar se expandindo nas próximas décadas?
Sem contar o custo social e ambiental de tais atividades. Na década de 1990, foi moda o conceito (hoje sumido) de que o ES era a porta de entrada e saída do Corredor Centro Leste, que abrange o enorme mercado consumidor de Minas Gerais, Goiás, Brasília e Mato Grosso. Região que também é gigante na produção de alimento. Mais do que conceito, o Estado precisa transformar a vocação logística em projeto de desenvolvimento para os próximos anos. Tem bons portos, ferrovias. Um aeroporto melhor agora. Tem que dar um salto nas rodovias. Pela posição, papel atual na economia capixaba e infraestrutura, a Serra tem tudo para protagonizar esse novo momento.