Eci Scardini
A política tem uma capacidade enorme de construir antagonismo aonde um lado serve de combustível para alimentar o outro. A nível nacional, no início dos anos de 1960, o afloramento da esquerda serviu para a direita se reorganizar, dar um golpe de estado e implantar uma ditadura militar, de direita, que se manteve no poder até a ascensão de Tancredo Neves/José Sarney, em 14 de março de 1985.
De tanto tentar, a esquerda conseguiu chegar ao poder central, através de Lula, tendo o PT como partido protagonista, auxiliado por outras siglas da mesma ideologia, que atuaram como coadjuvantes, em 2003.
Envolta em um mar de denúncias de corrupção, a esquerda entrou em declínio e levou a direita a se reorganizar e, dentro da lei, tomar o Palácio do Planalto, onde encontra-se instalada hoje.
O antagonismo que se verifica hoje no plano nacional é Lula x Bolsonaro. Um vive da fúria do outro.
No Espírito Santo não há, pelo menos na história recente do Estado, registro de um antagonismo tão acentuado. Não dá para afirmar que o ex-governador Gerson Camata tenha sido antagônico a Eurico Rezende; que Max Mauro tenha sido antagônico a Camata e assim sucessivamente.
Até mesmo no momento atual, não há como afirmar que Paulo Hartung e Renato Casagrande sejam antagonistas. As desavenças entre eles são recentes e dependendo da conjuntura nacional pode ser que termine aí. Uma das hipóteses é se de fato o ex-presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa vir a ser candidato à presidência da Republica, pelo PSB, tendo Hartung como vice.
Animosidade para valer mesmo tem aqui na Serra, entre o prefeito Audifax e deputado federal Vidigal, mas essa é outra história.