Yuri Scardini
Restando pouco mais de 20 dias para a eleição da Câmara da Serra, governistas e oposição fazem e refazem suas contas de número de aliados, diariamente e mais de uma vez. E como não poderia ser diferente na Serra, as contas logicamente não batem entre si, pois há uma massa de vereadores em jogo duplo e prontos para pularem onde for mais oportuno. Já a população, aparentemente alheia a tudo isso, segue em segundo plano na agenda legislativa.
Na prática, ambos os grupos possuem números bem similares, e aparentam uma convicção de vitória incongruente com a realidade parelha da disputa, muito perniciosa e fisiológica, diga-se de passagem.
Esse jogo deve durar até os últimos minutos da votação, onde as chapas vão precisar do voto da maioria simples para vencer, ou seja, 12 vereadores. Aguarda-se ainda o desenrolar de decisões judiciais que podem ser substancialmente decisivas, tal como o retorno do suplente (da vereadora afastada Neidia Maura) Fabão da Habitação (PSD), que fecha com a oposição.
Cada voto pesa muito, e o resultado dessa disputa terá profundos reflexos na eleição municipal de 2020, quando um novo prefeito será escolhido pelos eleitores e ordenará mais de R$ 6 bilhões de orçamento público.
Mas as marcas desse “estado de sítio” que a Câmara vive deverão ficar expostas por algum tempo ainda, e o legado dessa bandalheira bisonha é o enfraquecimento da Serra enquanto unidade política capixaba e o aprofundamento de uma visão zombadeira e preconceituosa para com a maior cidade do ES.
Mas o pior sem dúvida é a quase nula visão estratégica para com a cidade, que enfrenta desafios do tamanho de Golias, como a taxação de Trump do aço brasileiro, medida que promete gerar grande dificuldade para a maior empresa sediada no município, a Arcelor Mittal. Resta rezar para que ocorra um milagre, ou, algum Davi surja.