Bruno Lyra
Depois da ameaça de ser reduzido a pasta no Ministério da Agricultura, o Ministério do Meio Ambiente será mantido pelo presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL). Nesta semana Bolsonaro anunciou o nome de Ricardo Salles, ex-secretário de Meio Ambiente do governo de Geraldo Alckmin (PSDB) entre julho de 2016 e agosto de 2017.
Também tucano, Salles chega envolto a polêmicas. Uma delas referente ao fato de ser réu em ação civil por ter alterado plano de manejo da Área de Proteção Ambiental da Várzea do Tietê para supostamente, favorecer interesses empresariais no tempo em que esteve no governo paulista, entre julho de 2016 e agosto de 2017.
Outra pelo fato de ter defendido aprovação rápida da lei que afrouxa o controle de agrotóxicos no país. E ainda por dizer que o estado não deve coibir desmatamento legal e demonstrar dúvida se são mesmo as atividades humanas que estão provocando as mudanças climáticas.
Paulista e advogado, Salles é um dos fundadores do Movimento Endireita Brasil. Caberá a ele gerir uma pasta estratégica para o país. Dono da maior fatia da floresta Amazônica, o Brasil é superpotência mundial da biodiversidade. Por isso é peça central nas negociações internacionais para frear a destruição ambiental que ameaça não só a economia como até mesmo as conquistas da civilização.
A proteção ambiental no país tem como baliza o artigo 225 da Constituição, cuja síntese é a garantia de meio ambiente saudável e equilibrado para que se possa propiciar o bem estar e prosperidade das pessoas que aqui vivem.
Coisa que não vem sendo garantida. Mesmo com arcabouço legal mais rígido e governos mais ortodoxos em relação à questão ambiental a degradação piorou. Os desastres/crimes ambientais de Mariana – MG e Barcarena – PA, o aumento do desmatamento da Amazônia, o enfraquecimento do Código Florestal , a grilagem de terras e degradação das unidades de conservação, o crônico atraso no saneamento atestam o retrocesso. Que o digam os moradores da Grande Vitória que respiram pó preto há décadas.
É um cenário ruim que pode piorar se a pasta que deveria brigar como leão para a melhoria ambiental virar mera despachante para interesse de grupos interessados em lucro a qualquer preço. O tempo dirá, a saúde dirá, a qualidade de vida dirá.