Bruno Lyra
Na última segunda-feira (05) completaram três anos do maior desastre /crime ambiental da história do país e um dos mais severos da humanidade. O rompimento da barragem de rejeitos de minério da Samarco(Vale + BHP Billiton) em Mariana – MG matou 19 pessoas, destruiu casas e propriedades rurais.
E arruinou a principal fonte de água do ES, o rio Doce. Lama que desceu e continua descendo a cada grande cheia, estragou o rico estuário do rio em Regência e, uma vez no mar, se espalhou chegando a Cabo Frio, no Rio de Janeiro e Abrolhos, Bahia.
Os impactos econômicos e sociais também foram gigantescos. A paralisação da Samarco, que no ES tem em Anchieta usina de pelotização e porto para exportação de minério, foi duro golpe para a economia capixaba. Baque sentido até na Serra, onde fornecedoras e prestadoras de serviço mantinham contratos anuais com a Samarco em torno de R$ 300 milhões/ano que geravam cerca de 350 empregos.
Sem contar os pescadores do rio Doce, que deixaram a atividade. E o impacto aos pescadores de todo o litoral capixaba, que tinham na foz do referido rio, em Regência, um dos principais pesqueiros. O que dizer então dos moradores das cidades abastecidas pelo Doce e dos produtores rurais que dependem do rio para irrigação? Os problemas também afetaram a lagoa Juparanã, a 2ª maior do país, entre Linhares e Sooretama.
Tudo isso sem que houvesse punição aos diretores e operadores da Samarco. Nem mesmo as multas ambientais foram pagas pela empresa. Suas donas Vale e BHP pouco fazem, como se nada tivessem a ver com o desastre. As indenizações pagas e obras de reparações tocadas até agora pela Fundação Renova, entidade da Samarco criada para este fim, são desproporcionais ao tamanho do estrago.
Se com as regras ambientais que o país tem atualmente esse cenário de impunidade e descaso impressiona, o que esperar do futuro? O grupo político vitorioso nas eleições presidenciais já sinaliza mais ‘flexibilização’ das leis e governança ambientais. Fala-se até em fechamento do Ministério do Meio Ambiente. É bom lembrar que nas cabeceiras do rio Doce, em Minas Gerais, há várias outras barragens de rejeitos da mineração.