Novas informações publicadas pelo jornal Folha de S. Paulo apontam que criminosos capixabas tentaram fugir antes do início da megaoperação realizada na terça-feira (28). Eles foram baleados e morreram no hospital horas depois. Segundo a reportagem, esse fato pode reforçar a suspeita de que houve vazamento de informações.
Embora os nomes dos traficantes capixabas não constem na ocorrência, é provável que um deles seja Alisson Lemos Rocha, conhecido como Russo ou Gordinho do Valão. Morador de Nova Carapina, ele estava foragido no Rio e era procurado pela Divisão Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) da Serra.
Por volta da 1h da manhã daquele dia — cerca de cinco horas antes do início da operação — aproximadamente 20 homens em motos deixavam o Complexo do Alemão quando se depararam com viaturas policiais, dando início a um confronto. Dois suspeitos foram baleados e morreram posteriormente no hospital.
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Durante o atendimento, os dois se identificaram aos policiais como chefes do Comando Vermelho no Espírito Santo e relataram que estavam em fuga do Complexo do Alemão após receberem informações sobre a iminência de uma operação policial de grande porte. Esse possível vazamento de informações, segundo a Folha, consta no registro da ocorrência ao qual o jornal teve acesso.
“Após estabilização do terreno, os PMs fizeram um 360° e localizaram os referidos homens baleados/feridos, sendo que um portava um fuzil Taurus T4 calibre 5.56, com um carregador e 12 munições, enquanto o outro detinha uma pistola Glock calibre 9mm, com um carregador sem munições, além de três granadas caseiras. Os demais elementos se evadiram em direção à comunidade de Manguinhos”, diz trecho do registro.
Os agentes relataram que os feridos “ainda apresentavam sinais vitais” e foram socorridos na viatura para um hospital. “Vale ressaltar que os criminosos informaram que eram oriundos do Espírito Santo, onde eram lideranças da facção Comando Vermelho daquela unidade da federação. Disseram também que estavam saindo do Complexo do Alemão por conta da informação vazada de que haveria operação policial nas comunidades daquele complexo”, registra o documento.
ES monta barreiras na divisa com o RJ para impedir entrada de traficantes
O Governo do Espírito Santo colocou em operação um plano de contingência para monitorar eventuais deslocamentos de criminosos após a Operação Contenção, deflagrada pelas forças policiais do Rio de Janeiro. A ação, coordenada pela Secretaria de Estado da Segurança Pública e Defesa Social (Sesp), visa impedir que integrantes de facções fluminenses tentem se refugiar em território capixaba.
Segundo o governo, o objetivo é criar um fluxo de informações de inteligência entre órgãos federais e estaduais para identificar tanto possíveis fugas para o Espírito Santo quanto o retorno de criminosos capixabas escondidos no Rio.
Até o momento, não há indícios de migração de criminosos para o Espírito Santo após a operação no Complexo da Maré, realizada na terça-feira (28). Mesmo assim, estradas dos municípios de Presidente Kennedy, Mimoso do Sul, Apiacá, Bom Jesus do Norte, São José do Calçado e Guaçuí — que fazem divisa com o Rio de Janeiro — estão com o monitoramento reforçado, em conjunto com a Polícia Rodoviária Federal (PRF).
