Bruno Lyra
Com seus 25km de extensão, a rodovia do Contorno de Vitória (BR 101) é fundamental para a mobilidade do estado e até do país. Por isso, de importância imensa para a economia. Especialmente para Serra e Cariacica, cidades cortadas pela via, e que têm parte importante de seus parques logísticos e industriais em suas margens.
Na Serra, os polos Piracema, Jacuhy e TIMS. Sem contar o fato de que carretas são proibidas de circular em Vitória nos dias úteis em horários comerciais, o que coloca o Contorno como única alternativa viável para o trânsito de cargas entre os litorais sul e norte do ES. É também rota fluida para carros de passeio que precisam fazer o trajeto e evitar o trânsito da capital. Tem ainda as linhas do Transcol que ligam Serra e Cariacica pela via.
Diante de toda essa importância, já é gravíssimo o fato da rodovia estar em péssimo estado, com desnivelamento da pista e buracos em boa parte do trajeto. Mas a situação é ainda pior ao lembrar o fato de que o trecho capixaba da BR 101 está sob concessão da Eco 101 há cinco anos; que a empresa cobra pedágio em sete pontos da BR há quatro anos; e que houve reajuste médio de 40% nas tarifas desde então.
Significa dizer que os motoristas e donos de frotas têm de pagar além do IPVA, pedágio. E mesmo assim, o que lhes é entregue é uma rodovia com alto risco de acidentes e que aumenta o custo de manutenção dos veículos pelo péssimo estado.
O jogo de empurra que se arrasta desde o início da concessão entre Eco 101, Departamento Nacional de Infraestrutura (DNIT) e Transporte e Agência Nacional de Transportes Terrestres é uma ópera bufa onde além de palhaço expectador, o capixaba é a vítima que paga a conta.
É emblemática a complacência com que ANTT, órgão responsável pela concessão, trata a Eco 101. Além de não cumprir os prazos da duplicação de outros trechos da BR previstos em contrato, a Eco deixou a Rodovia do Contorno se deteriorar a esse ponto. Detalhe que a via lhe foi entregue duplicada e com asfalto praticamente novo após uma obra que durou longos 15 anos e que foi custeada com dinheiro público, sob gestão do DNIT.
Da mesma forma que é emblemática a dificuldade das lideranças políticas capixabas em articular uma saída para a Rodovia do Contorno.