Yuri Scardini
O Prefeito da Serra Audifax Barcelos (Rede) já fixou como objetivo o Palácio Anchieta. Propósito mais do que justo, uma vez que administra pela terceira vez a maior cidade do Espírito Santo. Entre coisas que Audifax terá que romper está esse paradoxo entre a grandeza econômica e populacional da Serra, mas que nunca redundou em liderança política estadual.
No meio do caminho para o Anchieta, tem também sua sucessão na Serra em 2020, cláusula importante para chegar em 2022 com condição de se estabelecer como uma força significativa no tabuleiro político estadual. Porém, alguns contextos são favoráveis para Audifax sonhar com a cadeira de governador.
O prefeito busca polarizar com o governador Renato Casagrande (PSB), e o motivo está no vácuo de liderança antagônica deixada pelo declínio político do ex-governador Paulo Hartung (sem partido). Objetivamente, na ausência de Hartung como antítese à Casagrande, imaginava-se que o deputado Carlos Manato (PSL) assumiria a condição, mas não há sinais de que isso vá ocorrer. Audifax viu aí uma oportunidade.
Ao jogar o deputado Bruno Lamas (PSB) para escanteio na sua linha de sucessão e liderar esse movimento de prefeitos que reivindicam os convênios firmados com Hartung, Audifax inaugura seu movimento de contrapeso à Casagrande. Surfando no vácuo de oposição, o prefeito aposta que o Governo de Casagrande não será popular. Assim como foi com Hartung, que nem sequer conseguiu colocar um sucessor na disputa eleitoral.
Medidas de austeridade fiscal, contexto político nacional polarizado e imprevisível, aumento da pobreza, desemprego ainda sangrando, violência, possível retorno de períodos de secas, entre outras tendências devem impor à Casagrande muito desgaste ao longo dos próximos quatro anos. Como o eleitor,às vezes, não separa alho de bugalho, Casagrande é a vidraça da vez no ES e Audifax quer estar com o estilingue na mão. Agora, o que o prefeito precisa é estar colado a um projeto nacional de expressão eleitoral, pré-requisito para se colocar na disputa.