No quarto bloco da entrevista (Veja o um, o dois e o três nos links) concedida na última segunda-feira (01) pela secretária municipal de Assistência Social, Lílian Mota, a gestora reforça a importância de uma rede de proteção aos mais frágeis em tempos de pandemia, diz que polarização excessiva entre esquerda x direita é prejudicial e critica proposta de Bolsonaro para mudar o CadÚnico.
Os profissionais da assistência social acabam lidando com muitas pessoas no dia a dia. A senhora acha que eles deveriam também estar nos grupos prioritários para vacinação?
Sabemos que há toda uma estrutura prioritária, mas nós vamos pedir isso. Que possamos ser os próximos a receber vacina.
Nos últimos anos parte da sociedade e de líderes políticos passaram a criticar as políticas de assistência, não sendo exagero falar até em demonização. Como a senhora sente isso no cotidiano?
Na verdade são pensamentos muito pontuais. Porque quando você lida com a população, vê que a assistência é muito bem quista, muito bem vista. Quando vamos para dentro dos territórios o assistente social entra em locais que nem polícia entra. Não porque passa mão em cabeça de bandido, mas é a questão da acolhida mesmo. A gente entrou numa questão muito de direita x esquerda e a assistência social é muito vista como de esquerda. Nós não somos de esquerda, nós somos pelo povo. Se o nosso presidente é de direita a gente precisa de recursos federais. Se o nosso governador é de esquerda ou não é de esquerda, não sei, o que a gente pensa é que a assistência social não pode ficar nesse embate.
O governo Bolsonaro anunciou, no final de janeiro, que pretende tirar dos Cras o papel de realizar o CadÚnico, transferindo o processo para aplicativo de internet. O que a senhora acha da proposta?
Foi uma proposta não muito aceita pelo meio da assistência social. Porque nosso público é ainda muito carente de acesso a meios eletrônicos. Para você ter uma ideia, os Cras foram muito utilizados pelas pessoas que não tinham condição de fazer em casa o cadastro para o Auxílio Emergencial. A gente fica pensando como que hoje a principal estrutura colocada para o Cadastro Único, possa atender só por via eletrônica? O que a gente vê pelos meios de Conselhos é que essa proposta não está sendo muito bem quista.