Por Kleber Galveas
Há um mês, em palestra para 800 alunos do colégio Marista, Grande Vitória, perguntei quantos ali presentes tinham problemas com rinite ou alergia. Quase todos levantaram suas mãos.
– “Óóóó…” – foi um espanto geral.
A preocupação com a qualidade do ar na Grande Vitória se iniciou na década de 70. Se compararmos a poluição de ontem com a de hoje, veremos que era modesto o impacto ambiental naquela época. Entretanto as usinas foram se multiplicando no mesmo lugar: Ponta de Tubarão, Vitória, ES.
Sempre alegavam que, se instalada a nova usina, equipamentos mais modernos seriam implantados em todas, e, assim, os níveis de poluição despencariam.
Em 2008 o nível de poluição já incomodava bastante e causava enormes prejuízos à população, em bens, serviços, saúde e imagem. Já havia consenso sobre a impropriedade do local para a atividade siderúrgica. Foi quando o governo Paulo Hartung aprovou a construção da gigantesca Usina 8. Ela é quase do tamanho das 7 usinas anteriores somadas. Inaugurada em 2014, o desastre ambiental foi amplificado.
Por não se tratar de um acidente, pelo tempo, gravidade, amplitude, sutileza e por alcançar direta e indiscriminadamente a todos, numa população muito maior, considero “a maior tragédia ambiental da história do país” o descaso com a poluição do ar no Espírito Santo.
Kleber Galvêas é pintor e ativista ambiental.