Quem compra leite com frequência já percebeu que o preço do produto está lá nas alturas. O motivo é a que a entressafra, normal para esta época do ano, está ainda mais forte por causa da severa seca que castiga o Espírito Santo desde 2014. A expectativa é que alta no preço permaneça até outubro, quando se inicia o período de chuvas.
Nas gôndolas dos supermercados, a caixa de leite longa vida das marcas mais baratas já beira os R$ 5. E de acordo com dados do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), só em junho o leite subiu 9,97% em Vitória, contra 0,32% de inflação naquele mês. Tudo porque o custo para o produtor rural subiu substancialmente por conta da falta de pastagens, cuja consequência é a queda na produção de cada animal. E isso força o produtor a comprar ração, o que aumenta o custo.
Dados da Secretaria de Estado da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca (Seag) apontam que entre 2014 e 2015 a produção de leite no ES recuou 10%, de 500 milhões de litros para 450 milhões de litros/ano. E em 2016 esse recuo pode ser ainda maior, já que as chuvas não vieram em volume expressivo e o setor só produziu 111 milhões de litros no 1º trimestre, conforme números do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
“O que impacta é a seca, que tem atingido o Espírito Santo, e a entressafra, que ocorre entre os meses de abril e setembro, que é um período de estiagem. A partir de outubro, quando acaba a entressafra, o preço deve ter uma retração”, explica o gerente de Produção Animal da Seag, Anderson Baptista.
O quadro se complica em relação aos preços porque a seca que se arrasta há quase três anos também atinge parte de Minas Gerais, estado que é o maior produtor do país. O aumento de preços também atinge os derivados do leite, como o queijo.