Foi revelado nesta quarta-feira (7) o nome do segundo supermercado da Serra flagrado vendendo alimentos vencidos: trata-se do Atacadão, localizado às margens da BR-101, em Colina de Laranjeiras. A informação foi obtida com exclusividade pelo Jornal Tempo Novo, através do deputado estadual Vandinho Leite, presidente da Comissão de Defesa do Consumidor da Assembleia Legislativa.
Até então, apenas o Assaí Atacadista, também na BR-101, havia sido oficialmente identificado. Agora, está confirmado: os dois supermercados flagrados durante a operação realizada na última segunda-feira (5) são o Assaí e o Atacadão.
A ação foi coordenada pela Delegacia Especializada de Defesa do Consumidor (Decon), com apoio do Procon-ES e do Instituto de Pesos e Medidas (Ipem-ES). Durante a fiscalização, foram encontrados 287 quilos de carnes estragadas, 323 alimentos vencidos e com mofo, além de 188 itens com peso inferior ao indicado nas embalagens — o que caracteriza fraude contra o consumidor.
Entre os produtos apreendidos estavam pacotes de pão de forma mofados e carnes fora do prazo de validade. “A carne tinha aparência de velha, e as etiquetas de validade estavam visíveis, com data expirada. Há indícios de que deixaram a carne à venda mesmo sabendo que estava fora do prazo”, afirmou o delegado Eduardo Passamani. Parte das amostras será encaminhada para perícia, e a Polícia Civil vai instaurar inquérito para apurar responsabilidades criminais.

O Ipem também encontrou irregularidades em itens como biscoitos, farinha láctea, bebida láctea e torradas. “Ele paga por 100 gramas e leva 90. E isso tem sido recorrente entre grandes marcas”, alertou o fiscal Luiz Felipe Lambone. Os fabricantes dos produtos também poderão ser responsabilizados.
O Procon autuou os supermercados e determinou o descarte de todas as mercadorias impróprias. “Os produtos foram expostos mesmo com validade expirada. A carne, por exemplo, estava vencida no dia 2 de maio, mas ainda era vendida. Isso é grave porque pode causar intoxicação alimentar”, explicou o diretor do órgão, Fabrizio Pancotto.
As penalidades previstas variam de multas entre R$ 900 e R$ 14 milhões, conforme a gravidade e o prejuízo ao consumidor. Também existe a possibilidade de pena de dois a cinco anos de prisão para os responsáveis, caso seja comprovado dolo ou omissão grave.
O que dizem os supermercados da Serra?

O Tempo Novo entrou em contato com o Assaí Atacadista, que emitiu a seguinte nota:
“A Cia (Assaí Atacadista) lamenta o episódio, que não condiz com os padrões de qualidade, segurança e controle adotados em sua operação. Imediatamente após a inspeção, uma força-tarefa técnica foi designada para ir até a loja, avaliar e reforçar os processos de segurança dos alimentos da unidade. Todos os itens irregulares na inspeção foram imediatamente descartados. Além disso, o time foi reorientado para evitar que situações como essa se repitam.”
Após a publicação da matéria, o Atacadão se manifestou por nota:
“A rede lamenta o ocorrido e informa que todos os produtos fora da conformidade foram imediatamente descartados. Esclarece, ainda, que as equipes recebem treinamentos constantes sobre os protocolos de segurança alimentar e que as orientações foram reforçadas para evitar reincidências”.