
Thiago Albuquerque
Cento e noventa e quatro. Essa é a quantidade de pessoas que foram assassinadas na Serra de janeiro a julho. O dado é da Secretaria do Estado de Segurança Pública e Defesa Social (Sesp), que divulgou esta semana número de homicídios de julho, onde 18 pessoas foram mortas por atos violentos no município, o que representa 37,5% dos casos na Grande Vitória.
O número é menor do que julho do ano passado, quando 25 pessoas foram mortas na cidade. Mas no acumulado de 2017, os 194 homicídios representam aumento de quase 10% em relação aos sete primeiros meses de 2016, período em que foram contabilizados 177 assassinatos na cidade. O que dá quase uma morte por dia.
Leia também
Situação que mantém a Serra na liderança da violência no ES. Tanto que, na Grande Vitória, em julho último foram 11 homicídios em Cariacica, oito em Vila Velha, quatro em Vitória, três em Guarapari e dois em Fundão e Viana. Houve redução de 4% na região metropolitana em relação ao mesmo mês do ano passado: 50 contra 48 casos.
Já em todo o Espírito Santo, houve aumento de 2% em julho. Em 2016 foram 90 casos contra 92 este ano. E nos sete primeiros meses de 2017 o Estado já acumula 875 assassinatos, uma média de 4,12 pessoas mortas por dia no ES. Número que revela aumento de 25% nos homicídios comparado com 2016, onde 698 pessoas perderam a vida de janeiro a julho.
Na Serra e na maioria dos municípios capixabas, o número de assassinatos vinha caindo nos últimos seis anos. Mas a situação se inverteu desde fevereiro, quando o aquartelamento da PM gerou caos sem precedentes na segurança pública do ES.
Através da assessoria de imprensa, a Sesp confirmou que após o movimento grevista da PM, a secretaria vem promovendo ações e anunciando investimentos nas polícias para voltar a atingir índices anteriores.
Disse também que a PM foi reestruturada, estabelecida normas para promoções de praças e oficiais, entregues novas Companhias Independentes, uma delas em Feu Rosa e compradas 249 novas viaturas. E que ainda está comprando 281 fuzis, além dos Batalhões e Companhias estarem promovendo reuniões com as comunidades. Por fim, pediu que a população denuncie criminosos pelo tel. 181.
Entidades pedem mais investimentos sociais e na segurança
Para o presidente do Sindicato dos Policiais Civis (Sindipol), Jorge Emílio Leal, o recrudescimento dos assassinatos acontece pela falta de investimentos do Governo na segurança pública.
“Não houve a valorização dos profissionais aliados ao crescimento populacional e também da criminalidade. Hoje, os policiais sofrem com a ausência de recursos materiais e humanos”, afirma.
Já a presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB-ES, Verônica Bezerra, diz que falta políticas de inclusão social e que a violência atinge mais os pobres, pardos e negros. “A Serra fica em primeiro nesses índices. Durante a greve da polícia em fevereiro, a violência atingiu picos altíssimos. É uma situação preocupante e quem está morrendo são jovens pardos e negros da periferia. É preciso atender essa população com políticas públicas de inclusão, não o de repressão”, observa.