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Para a Serra não morrer de calor, intoxicada, sem água ou inundada

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Bombeiros precisaram de três meses para acabar com o incêndio nas turfas no 1º semestre de 2015. Foto: Arquivo TN/Bruno Lyra

Divulgado nesta segunda – feira (09) o novo relatório da ONU sobre o clima revela um cenário desastroso que não coloca em risco somente a economia, mas a civilização. Quiçá a própria existência da humanidade. O aquecimento global gerado pelas atividades humanas já provocou o aumento de 1,07o C em relação aos níveis pré-industriais e e deve chegar a 1,5o C em 2030.

O relatório adverte que mesmo zerando as emissões de carbono – o que é virtualmente impossível agora – o clima terá um delay de 30 anos para começar a reagir positivamente. Informa ainda que os efeitos das mudanças climáticas já estão em curso. Tempestades mais violentas, secas e ondas de calor intensas, ondas de frio gélidas. E isso vai piorar.

O que resta para uma cidade como a Serra, onde se assentam mais de meio milhão de pessoas? Se preparar. É verdade que o município tem pouco, para não dizer nenhum, poder sobre a redução da emissão de gases que afetam o clima globalmente.

Mas tem papel de protagonista sobre a ocupação do seu território. E isso importa muito quando se fala nas consequências das mudanças climáticas. Na prática, a cidade precisa planejar sua ocupação levando em consideração as consequências de eventos extremos e do aumento do nível do mar. Inclusive isso precisa estar considerado na revisão do Plano Diretor Municipal (PDM) que está em curso. Não sei se está.

Fumaça das turfas

Na superseca vivida entre 2014 e 2016, por exemplo, a cidade (e suas vizinhas) sofreu com a fumaça das turfas por conta do ressacamento dos alagados do Mestre Álvaro. Ressecamento esse que vem de longa data, do tempo dos Jesuítas ainda, quando foi feito o Canal dos Escravos.

Mas que se agravou nos idos da ditadura militar com o programa Provárzeas e só veio aumentando nas décadas seguintes com a implantação de bairros e projetos empresariais na área. E que agora tem mais uma macrointervenção, o Contorno do Mestre Álvaro (BR 101).

É salutar estudar esses alagados e planejar intervenções que venham a dificultar o ressecamento da turfa em estiagens longas. Ao mesmo tempo prevenir queimadas em pontos viciados de lixo no entorno desses alagados e reprimir mal intencionados que põe fogo nos terrenos afim de descaracterizá-los do ponto de vista ambiental para facilitar a especulação imobiliária.

Torneiras secas e líquido com gosto de sal

Problema que já atinge grande parte do planeta se alastra, o abastecimento de água em quantidade e qualidade também é desafio para a Serra. Em alguns momentos da superseca de 2014 a 2016 faltou água para moradores até durante o rodízio de abastecimento. Na época a cidade era abastecida exclusivamente pelo rio Santa Maria, que já deva sérios sinais de esgotamento.

Produtor rural aponta que a água salgada do mar subiu o Reis Magos 13 km rio acima de julho de 2016, auge da superseca que castigou o ES. Foto: Arquivo TN/Bruno Lyra

Justamente por conta disso o Governo/Cesan resolveram apostar na captação e tratamento do rio Reis Magos. Rio que é de menor porte e sujeito e invasão das águas do mar. E não deu outra. Bastou combinação de seca com maré alta para que o Reis Magos ficasse salgado e suas águas nessas condições enviadas à região da Serra Sede em outubro de 2019.

Com a tendência de secas mais severas e aumento do nível do mar esse problema deve se agravar. A Serra precisa estudar alternativas e agir o quanto antes para evitar ficar sem água. E terá que fazer isso em consonância com os municípios da região das montanhas, com governo do ES e com as empresas, sobretudo as indústrias de Tubarão (Vale e ArcelorMittal Tubarão), grandes consumidoras de água.

Avanço do mar     

Erosão do mar avança sobre casa em Maguinhos, em imagem capturada no inverno de 2020. Foto: Divulgação/Arquivo

Marbela, Costabela, Capuba, Jacaraípe, Manguinhos e Bicanga. Em todas essas praias há erosão marinha. Nos pontos mais severos, já afetando casas e ruas. Com o derretimento cada vez mais acelerado das calotas polares e gelos das montanhas o nível do mar só tende a aumentar. Cabe ao município desencorajar ocupações à beira mar e promover amplo programa de recuperação da restinga para amenizar esse efeito.

Superchuvas, deslizamentos e alagamentos

Como esquecer a noite de 30 de outubro de 2014, onde chegou a chover mais de 400 milímetros em poucas horas em alguns pontos da cidade? Do ponto de vista de deslizamentos, os maiores problemas da Serra estão à oeste da BR 101, principalmente entre Carapina Grande e Laranjeiras Velha.

Mas o drama se amplia em relação aos alagamentos. Toda baixada no entorno do Mestre Álvaro, do Queimado à Pitanga, está sujeita. Há milhares serranos morando ali e um bom número de empresas, os polos formais Piracema e TIMS e os informais Jacuhy e ao longo da Dido Fontes em Jardim Tropical. É preciso soluções de drenagem que não ressequem o solo de turfa (problema já citado nesse texto).

Alagamento em Vista da Serra II em novembro de 2019. Foto: Divulgação/Arquivo

Outra região sensível a alagamentos e populosa é a Grande Jacaraípe, que pega o entorno da lagoa Juara e do rio que dá nome ao famoso balneário. Ali há um bom exemplo de intervenção que reduziu problemas após a terrível cheia de dezembro de 2013: o alargamento/aprofundamento do rio Jacaraípe. Mas que teve o custo ambiental da destruição de manguezais, mata ciliares e salinização da lagoa Juara.

Superchuvas também impactam o transito mesmo em avenidas de áreas altas, como a Eudes Scherrer em Laranjeiras. Foto: Arquivo TN/ Gabriel Almeida

Fundos de vale ocupados por bairros também estão na rota da inundação: as baixadas de Vista da Serra e Planalto Serrano no córrego Doutor Róbson. E também às áreas baixas de Novo Horizonte cortadas pelo córrego São Diogo. Atenção também com Jardim Carapina, erguida entre mangues e brejos sujos de esgoto.  Em todas essas localidades preciso remover as casas dos pontos mais críticos, recuperar margens de cursos d’água, desobstruir leitos e reconstruir brejos que voltarão a servir de reservatórios naturais em tempos de enchente.

Calor de matar

Vivemos dias de frio anormal na Serra, no ES e boa parte do país. E são várias instituições de pesquisa e especialistas reconhecidos mundialmente a apontar que essa anomalia também é da conta das mudanças climáticas. Mas, por estarmos numa região tropical, nosso maior problema é o calor.

Ausência de árvores e jardins na Av. Central de Laranjeiras tornam calor insuportável em épocas mais quentes. Foto: Arquivo TN/ Ana Paula Bonelli.

No caso da Serra há o bônus de não haver uma concentração urbana tão condensada quanto nas vizinhas Vila Velha, Cariacica e Vitória. Mesmo assim é notório o excesso de concreto, aço, telhas, asfalto e veículos nos bairros mais urbanizados. O que deixa o ar muito mais quente.

Vide a Av. Central de Laranjeiras. Faça a experiência de ir lá num dia sem chuva no verão. É um calor desumano. E se no gélido Canadá a temperatura chegou a 49,5o C, quando o recorde anterior era de 45 graus, não dá para desprezar o perigo de ondas mortais de calor atingirem a Serra.

E a melhor e mais barata tecnologia contra isso é plantar árvores. A Serra é uma cidade onde notadamente a arborização urbana é precária. Precisa rever essa falta de verde e criar um programa efetivo de plantio de árvores em ruas, praças e avenidas. E rever também a política – amplamente adotada pela dupla Audifax/Vidigal – de pavimentar ruas somente com asfalto. Além de esquentar muito, o asfalto piora as enchentes e as secas ao impedir a penetração de água no solo.

Por Bruno Lyra, repórter de Meio Ambiente do jornal Tempo Novo desde 2005. 

 

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