Morador aprende a se virar com pouca água

Compartilhe:
O morador de Laranjeiras, Lourival Rovena, reaproveita água da piscina, da máquina de lavar roupas, do ar condicionado e ainda tem poço. Foto: Fábio Barcelos

Clarice Poltronieri

Com o agravamento da seca histórica que castiga o ES há cerca de três anos, o capixaba está tendo que aprender a reduzir o consumo de água no seu cotidiano. Prognósticos da Organização das Nações Unidas sobre os efeitos das mudanças climáticas apontam que a escassez pode ter vindo para ficar no Espírito Santo.  Por isso, o que antes era apenas uma medida provisória de economia passou a ser hábito nas casas.

O casal Lourival Rovena e Regina Célia Rovena, de Laranjeiras, criou várias estratégias para reduzir o consumo. “Usamos a água da piscina e da máquina de lavar roupa para dar descarga e lavar as áreas de lazer. Lavamos o carro usando um balde, colocamos um tonel embaixo do ar condicionado para aproveitar a água que escorre, além de usarmos água do poço. Fazemos isso há mais de um ano, desde que percebemos a escassez da água. Tentamos usar com consciência e reaproveitar o máximo”, explica Regina.

Morador do condomínio Recanto da Serra, em Colina de Laranjeiras, Fernando Goltara, é outro que mudou de vez a relação com a água.  “Desde o início da crise hídrica, pesquisamos formas de economizar água e passamos a adotar em nossa rotina, o que reduziu nosso consumo em torno de 10%. Colocamos garrafas pet cheias na descarga; coletamos a água do banho em bacias e usamos para dar descarga; a água da máquina de lavar é usada na lavagem de panos de chão, dos banheiros e das áreas externas da casa; e só lavamos o carro a cada 15 dias”, detalha.

Na casa de Fernando moram seis pessoas e ele disse que todas já incorporaram a nova realidade.  “Estamos há uns 15 meses usando essas estratégia para reduzir o consumo. No nosso condomínio, grande parte dos moradores já aderiu à redução do consumo”, narra.

Rios estão críticos e racionamento pode voltar

A Companhia Espírito Santense de Saneamento (Cesan) não descartou a possibilidade de haver novo racionamento de água na Grande Vitória, como ocorreu em outubro de 2016, mas ainda não deu prazo para que isso comece.

A assessoria informou que por enquanto, descarta racionamento na Grande Vitória. Apesar da vazão do rio Santa Maria da Vitória, que abastece a Serra, parte de Vitória e a planta industrial de Tubarão, estar abaixo do crítico, a represa de Rio Bonito está com 75% de sua capacidade, o que mantém o abastecimento normal. E a vazão do rio Jucu, apesar do estado de alerta, também permite o abastecimento normal à população.

Segundo o Incaper, até a última quarta-feira (15) havia chovido apenas 145,4mm na Grande Vitória, menos da metade da média histórica no período, que fica entre 400 e 500mm. A média é baseada em coletas entre 1984 e 2014. Agrava o quadro o fato de nos últimos três anos ter chovido bem abaixo desta média registrada no verão, que é o período de chuvas no estado.

Picture of Ana Paula Bonelli

Ana Paula Bonelli

Ana Paula Bonelli é repórter e chefe de redação do Jornal Tempo Novo, com 25 anos de atuação na equipe. Ao longo de sua trajetória, já contribuiu com diversas editorias do portal e hoje se destaca também à frente da coluna Divirta-se.

Leia também