A situação de seca e escassez de água avança, e o Governo do Espírito Santo anunciou que vai decretar estado de alerta. A expectativa é que no Diário Oficial desta sexta-feira (08) já constem as normas e regras que serão aplicadas para tentar mitigar os impactos do problema.
As medidas resultarão em maiores restrições na agricultura, o que não deve acarretar grandes mudanças na Serra, visto que é um setor pouco explorado no município, apesar de existirem pequenos produtores na faixa oeste. A decisão mais relevante para a Serra diz respeito à mudança no funcionamento do reservatório de Rio Bonito, em Santa Maria de Jetibá.
Embora este reservatório não esteja localizado geograficamente na Serra, ele está ligado à bacia hidrográfica do Rio Santa Maria da Vitória, principal fonte de abastecimento da Serra. Conforme informou Fábio Ahnert, diretor-presidente da Agência Estadual de Recursos Hídricos (Agerh), a Represa de Rio Bonito vai diminuir a produção de energia elétrica para armazenar água em caso de necessidade hídrica.
Rio Bonito, o maior reservatório do Espírito Santo, foi construído anos atrás como uma hidrelétrica, mas tem sido utilizado em situações de emergência hídrica como uma represa para abastecimento de água. Em 2016, durante a fase mais severa da seca, Rio Bonito suspendeu a produção de energia elétrica, atuando principalmente como reserva de água para prevenir a escassez prolongada na Serra.
Esta medida pode ajudar a diminuir o problema na Serra e nas cidades abastecidas pelo Rio Santa Maria, mas não garante a ausência de episódios de racionamento, caso não ocorra um período prolongado de chuvas.
As medidas que serão incluídas no decreto de alerta a ser publicado nesta sexta-feira abrangem as já recomendadas pela Companhia Espírito-santense de Saneamento (Cesan), mas que agora passarão a ser obrigatórias. Entre elas estão a suspensão de créditos para financiamentos de irrigação, a restrição de irrigação apenas à noite, a redução de 20% no consumo de água por agricultores e a exigência de que produtores com barragens liberem 50% do volume de água, assegurando o abastecimento nos pontos de captação da Cesan. Importante ressaltar que tais medidas têm pouco impacto na Serra, onde o setor de Agricultura e Agropecuária representa menos de 1% do PIB municipal.
Há preocupação de que, com o agravamento da situação, as medidas de contenção se estendam à população em geral e ao uso industrial de água, o que poderia desacelerar a economia da cidade.
As previsões não são positivas, já que não há expectativa de chuvas prolongadas nos próximos dias. Isso levou a Agerh a criar nesta quarta-feira (06) um Grupo Técnico de Contingenciamento e Mitigação dos Impactos da Seca e da Estiagem (GTSECA) no Estado do Espírito Santo. O grupo visa intensificar a gestão de recursos hídricos, o monitoramento e o desenvolvimento de ações necessárias durante períodos de estiagem e seca no Espírito Santo, com o objetivo de minimizar os impactos destas condições.
O jornal Tempo Novo visitou o ponto de captação do Rio Santa Maria da Vitória há duas semanas e observou níveis extremamente baixos de vazão de água. As pedras do barramento, que geralmente ficam submersas, já estavam visíveis. Naquela época, a vazão divulgada pela Agerh era de 4 mil litros por segundo. Na última quarta-feira (06), essa taxa caiu para 3.4 mil litros por segundo, aproximando-se do nível crítico de 2.9 L/S.
