José Salucci
Uma epidemia de sífilis – doença sexualmente transmissível que pode levar à morte – vem atingindo o Brasil nos últimos anos e também está sendo notada na Serra. Entre 2014 e 2016 o número de casos saltou de 462 para 874 entre mulheres e homens que adquiriram a doença por contato sexual, o que representa um crescimento de 89 %.
Números da Secretaria Municipal de Saúde (Sesa) apontam que os jovens são as maiores vítimas. A faixa etária com maior número de notificações é entre 20 a 29 anos. Em seguida, estão adolescentes de 15 a 19 anos.
Há 27 anos na área, o infectologista do Hospital Metropolitano, Luis Henrique Borges, tem notado o aumento de casos no município de 2006 para cá. “Aqui na Serra atendo bastante paciente com sífilis. A gente tem visto o aumento de casos, principalmente entre adolescentes. Isso mostra que as pessoas não estão se preocupando com a doença”, avalia.
No caso de sífilis congênita – transmissão durante a gravidez – houve redução no município. Em 2014 foram 79 casos. Em 2015, foram 99 infectados. Já em 2016, foram 56 os contaminados, totalizando 234 casos de sífilis congênita no triênio.
Apesar da queda na transmissão congênita, o crescimento de casos em mulheres grávidas assusta. Em 2014, 160 gestantes eram portadoras da doença. Em 2015, foram registrados 235 casos. Em 2016, o cálculo era de 330 gestantes contaminadas. A boa notícia é que se tratada corretamente a sífilis não passa para o bebê.
A sífilis evolui em três estágios. No primeiro aparecem lesões nos órgãos sexuais e no ânus. Segundo o infectologista Dr. Luis Henrique é uma lesão conhecida como cancro duro. “Ela é endurecida e não dói. O paciente pode identificar ou não”, explica.
O médico lembra também para a sífilis adquirida por sexo oral sem camisinha. Aí a lesão muitas vezes ocorre na boca e na faringe. Isso faz com que ela não seja diagnosticada como tal, já que pode ser confundida com outras lesões como a afta”, alerta.
No segundo estágio, os sintomas aparecem até 40 dias após o contágio: manchas grossas avermelhadas em todo corpo, semelhante a reação alérgica, principalmente no tronco, palma da mão e sola do pé. O terceiro estágio geralmente ocorre quando o paciente passa pelo 1º e pelo 2º sem diagnóstico. “Podendo ter alterações neurológicas, diminuição da visão, surdez, inflamação da artéria horta, que podem levar à morte”, completa Luis Henrique.
Município diz que dá suporte a pacientes
A assessoria de imprensa da Secretaria Municipal de Saúde (Sesa) informou que pessoas com sintomas de sífilis doença podem procurar qualquer unidade de saúde da Serra. No caso de pacientes que demandam algum tratamento específico (por causa de baixa imunidade, por exemplo), se a unidade não puder atender, o paciente será encaminhado para tratamento específico.
A Sesa disse que faz campanhas sobre educação sexual e nelas aborda prevenção à sífilis. Além disso faz distribuição regular de preservativos nas unidades de saúde.