Depois de cinco dias tentando uma solução para dar destino final e correto para a carcaça da baleia Jubarte encontrada morta na Praia de Carapebus, na Serra, no último domingo (7), os especialistas do Instituto ORCA, conseguiram nesta quinta-feira (11) concluir os trabalhos que vão avaliar a possível causa da morte do mamífero.
De acordo com Lupércio Araújo, houve grande dificuldade para realizar a análise da carcaça da Jubarte em decorrência da maré alta e falta de maquinário.
A carcaça de Jubarte encontrada na Praia Mole, era de uma baleia sub-adulta com cerca de 12 metros e 25 toneladas. O ORCA enviou uma equipe para a Serra, assim que a notícia chegou ao Instituto e os procedimento para análise iniciaram na segunda (8).
Segundo Lupércio nesta quinta-feira (11), a Prefeitura da Serra enviou uma equipe para ajudar nos trabalhos e a ArcelorMittal disponibilizou uma máquina pesada (retroescavadeira de esteira) que viabilizou a retirada dos ossos e a enterrar os restos da baleia.
“Os trabalhos de necropsia do animal tiveram que ser interrompidos muitas vezes. Um encalhe dessa natureza, possui um grau de dificuldade grande para realização dos trabalhos, principalmente pela ausência de máquina pesada. Hoje, foi possível concluir, porque tivemos ajuda privada e pública e também da natureza, que milagrosamente, fez com que a maré ficasse completamente baixa, auxiliando nos nossos trabalhos e possibilitando o destino final e correto que queríamos dar desde o início desta jornada”.
Especialista do Ceará na Serra
O ORCA trouxe um especialista do Ceará que auxiliou nos trabalhos de dissecção dos ossos e o objetivo é utilizar posteriormente o esqueleto para estudo e exposição científica.
“Conseguimos enterrar o material mole (gordura, músculo, vísceras) que sobrou da carcaça de maneira correta e em local adequado e dar um destino correto para os ossos que poderão ser utilizados para pesquisas ou até mesmo ser contemplados por meio de exposições. Conseguimos fazer hoje, algo muito difícil, pois o esqueleto foi totalmente recuperado, raramente isso acontece, dificilmente se recupera tudo. Essa máquina foi espetacular”.
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Lupércio revelou que as estruturas ósseas da Jubarte encontrada morta não são compatíveis com o tamanho da carcaça. “Parece mesmo uma anomalia de crescimento ósseo. Ela tinha uma fratura na ponta da mandíbula, provocada por choque contra as pedras ao encalhar”.
Baleias podem estar sofrendo desnutrição
Lupércio disse ainda que este ano diferente do ano passado, as baleias da espécie Jubarte vieram com os filhotes e parecem estar mais próximas da costa cerca de 10 a 15 milhas da costa.
“Jubarte quando aparece muito próximo da praia é problema, em geral estão perdidas ou doentes. Lidamos com problemas globais. Alterações oceânicas, temperatura da água, oferta de presas, de alimentação”, analisou Lupércio.
O especialista ainda explicou que as baleias se alimentam de cardumes de peixes. “Parece que está tendo problema e não há oferta tão grande de comida. O krill é a base da cadeia alimentar delas. Essas baleias tem uma travessia muito longa, 6, 7 mil quilômetros até aqui e é muito desgastante. Elas podem estar migrando com algum grau de desnutrição, principalmente as mães, mesmo que não consigamos ver e que podem interferir na resistência física e imunológica. Caso esteja havendo uma diminuição de aporte nutricional destes animais, isso poderia justificar episódios de mortes em baleias quando não se detecta uma causa morte aparente. Isso é muito preocupante”.