
Após a repercussão de uma denúncia feita por uma servidora da Câmara da Serra, o vereador Antônio Carlos CEA (Republicanos) procurou o Jornal Tempo Novo nesta terça-feira (13) para apresentar sua versão dos fatos. Ele é acusado de ter humilhado a funcionária durante uma sessão legislativa, o que teria resultado no registro de uma ocorrência policial na última segunda-feira (12) – informações que ele nega.
Segundo o parlamentar, o desentendimento teve origem em um episódio ocorrido no início de março, quando, durante o uso da tribuna, ele teria afirmado — em um contexto que ainda não está claro — que “toda a honra e glória sejam dadas ao Senhor”. De acordo com CEA, a servidora Saionara Paixão, adepta de uma religião de matriz africana (Umbanda), teria se sentido ofendida e procurado a Secretaria de Direitos Humanos para registrar uma reclamação. Ainda segundo ele, o processo não teve andamento por não haver violação de direitos.
CEA afirma que, posteriormente, o caso ganhou nova proporção com o envolvimento do Conegro (Conselho Municipal de Promoção da Igualdade Racial da Serra) e que uma vereadora da Casa — referindo-se à Raphaela Moraes (PP) — estaria por trás do movimento, com a intenção de prejudicá-lo politicamente.
Todo esse contexto foi agravado na semana passada, quando CEA questionou a atualização da nomenclatura da Comissão de Direitos Humanos da Câmara da Serra, que incluiu o termo “Povos Tradicionais” — grupo no qual se incluem os religiosos de matriz africana — e substituiu a expressão “Negro” por “Igualdade Racial”. O vereador declarou não saber o que significava “Povos Tradicionais” e classificou o tema como “irrelevante”, o que gerou novas críticas por parte de lideranças dos movimentos negro e religioso da cidade.
Segundo CEA, o episódio desta segunda-feira (12) foi o estopim da situação. Ele relata que apenas acompanhava e registrava em vídeo a fala do vereador Evandro de Souza Ferreira, quando a servidora, que estava na cabine de transmissão dentro do plenário, teria começado a chamá-lo de “mentiroso”. A partir daí, iniciou-se uma confusão que culminou com CEA indo até a cabine, e a servidora deixando o local visivelmente abalada.
O vereador afirma que seu único intuito ao se dirigir até Saionara foi esclarecer que o vídeo gravado não exibia imagens dela. “Fui até a cabine onde ela estava para mostrar que o vídeo era do Pastor Dinho, e não dela”, disse CEA.
Ele também nega qualquer agressão física ou verbal e afirma que foi à delegacia por vontade própria para registrar um boletim de ocorrência. Segundo ele, o escrivão teria informado que não houve crime. “Diferente do que foi divulgado, eu não fui conduzido à delegacia. Fui por conta própria, no meu pleno direito como parlamentar”, declarou.
CEA ainda rebateu a informação de que teria participado da sessão solene mencionada na reportagem anterior, afirmando que não esteve presente e que as imagens da Câmara comprovam sua ausência. “Estava na comunidade, trabalhando. Em nenhum momento gritei ‘Glória a Deus’, como foi publicado. Isso nunca aconteceu.”
Vale esclarecer que as primeiras informações que chegaram ao Tempo Novo indicavam que ele teria provocado religiosos de matriz africana durante a sessão solene em questão — o que ele nega. Por fim, o vereador criticou o tom do artigo publicado por essa coluna que trouxe as informações à tona.