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Mulher vai até o Pronto Socorro do Jayme, é mandada embora e morre a caminho da UPA

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Familiares estão abalados e não quiseram falar publicamente. M.A.G.J. tinha 29 anos, residia na comunidade de Balneário de Carapebus e deixou dois filhos, um de 9 e outro de 12 anos.

Na sessão ordinária da última segunda-feira (13) o vereador da Serra, Jefferson Fernandes Silva, conhecido popularmente por Jeffinho do Balneário fez uma declaração absolutamente chocante na tribuna da Câmara da Serra. Ao microfone, o parlamentar revelou que uma mulher morreu sem atendimento médico “na porta do Hospital Jayme Santos Neves”. Ele acusou nominalmente o governador Renato Casagrande de “negligência” e foi além: disse que “Deus vai cobrar essa morte”. (Ao fim dessa matéria você pode ver o vídeo na íntegra da denúncia feita pelo parlamentar)

Por intermédio do vereador, a reportagem tentou contanto com a família da vítima, mas foi informada que por enquanto, a família não irá falar publicamente, por estar abalada. A reportagem teve acesso ao nome da vítima, que será identificada apenas pelas iniciais, M.A.G.J. Ela tinha 29 anos, residia na comunidade de Balneário de Carapebus e deixou dois filhos, um de 9 e outro de 12 anos.

Durante os 13 minutos em que o vereador falou ao microfone, Jeffinho não poupou críticas ao fechamento do Pronto-Socorro do Jayme no modelo de porta-aberta 24h, conforme foi concebido desde a inauguração do hospital em 2013 até o início da pandemia em 2020 (entenda mais clicando aqui). E atribuiu a isso a morte da mulher. O caso revelado pelo vereador é grave, e de acordo com ele, já foi acionado Ministério Público para investigar possíveis culpados.

Jeffinho detalhou que há cerca de sete anos, M.A.G.J. teria sido vítima de um atropelamento, do qual acarretou em um comprometimento permanente em uma das pernas. Devido a isso, foi necessária a incisão de um pino de platina parafusado entre a perna e bacia. Porém, no sábado dia 4 de março desse ano [2023], a mulher foi vítima de um acidente doméstico, quando ela teria levado um tombo em sua residência.

Com a queda, M.A.G.J. começou a sentir fortes dores na região da qual havia sido inserido o pino sete anos antes e alegando que estava sendo perfurada pelo metal, a família decidiu chamar uma ambulância. Após tentar “acionar uma ambulância do Samu por 10 vezes”, diz o vereador, a família ligou para o Ciodes pelo número 190. Após contato uma ambulância foi até a residência da mulher e a levou para o Hospital Jayme dos Santos Neves, em Morada de Laranjeiras.

Mesmo fechado para a demanda espontânea da população, o Pronto Socorro do Jayme ainda recebe pacientes através do serviço de ambulância. Dentro do hospital, M.A.G.J. teria sido atendida por um médico. Segundo o vereador, em contato direto com a vítima dias antes do óbito, ela teria realizado exames, dos quais confirmaram a quebra do parafuso. Já na madrugada do dia 05 de março, o médico, teria receitado remédio para dor e enviado a mulher de volta para sua residência, argumentando, de acordo com Jeffinho, que “o parafuso iria ser expulso naturalmente do corpo”. A vítima teria sido orientada ainda a retornar quando isso acontecesse: “como vai retornar ao Jayme se está tudo fechado?!”, questionou o vereador na tribuna da Câmara da Serra, referindo-se ao fato de que desde 2020 o Pronto Socorro de porta aberta 24h do Jayme está fechado, e não recebe pacientes que não seja por remoção ou a serviço do Samu.

Do dia 05 ao dia 07 de março [terça-feira], M.A.G.J. continuou a sentir fortes dores na região da perna e da bacia. Próximo das 16h, a irmão da vítima teria feito contato com Jeffinho novamente, pedindo ajuda. Naquele dia, o parlamentar estava seguindo em direção a Vitória, para participar de uma reunião proposta pelo Governo do Estado para debater a situação do Pronto Socorro do Jayme. Fato informado pelo vereador a irmã da vítima. Nessa reunião, deputados governistas blindaram o secretário de Estadual de Saúde, Miguel Paulo Duarte Neto, que pediu mais 45 dias para estudar o caso, medida vista por lideranças da Serra como uma manobra para ganhar tempo e deixar a poeira baixar.

Na quarta-feira, 8 de março (Dia Internacional da Mulher) a irmã de M.A.G.J. ligou novamente para o vereador afirmando que a vítima não estava mais aguentando de tanta dor. Jeffinho relata que ele orientou que fosse novamente acionado o serviço do Samu, já que o Jayme não atende pacientes que chegam por demanda espontânea. A irmã então informou que já tinha sido tentado várias vezes e que o atendimento teria sido negado: “não adianta, o Samu não vem”, disse a irmã da vítima, conforme relato do vereador.

Jefinho do Balneário conta que após saber disso, ele orientou a família levar a mulher de carro para o Hospital Jayme dos Santos Neves, já que lá eles iriam avaliar a gravidade do caso. A família foi até o local, e quando chegou foi hostilizada por um dos seguranças do hospital. Que teria mandado retirar o carro da frente do Pronto Socorro, pois lá seria local apenas de ambulância.

De acordo com Jeffinho, a família argumentou que o caso de saúde de M.A.G.J.  era grave e precisava de receber ajuda médica. “Mas ela está morrendo, está passando mal”, disse a irmão da vítima, segundo expos o vereador. Após algum tempo, o segurança teria chamado uma enfermeira, que realizou a medição de temperatura e pressão. De acordo com Jeffinho, essa enfermeira teria orientado a família a voltar para casa.

Desesperada, a irmã da vítima, ligou novamente para o vereador, que relatou a seguinte conversa: “Já que eles estão negando atendimento [no Jayme] corre então para a UPA [Unidade de Pronto Atendimento] mais próxima porque eu não estou pressentindo coisa boa”. A irmã de M.A.G.J. correu para a UPA, segundo Jeffinho, sem citar qual das três unidades. “Quando chegou lá, [ela] já estava em choque séptico, estava toda roxa. Sabe por que [ela morreu]?! Porque negaram atendimento a essa menina [no Jayme]. Vou dizer a vocês: sabe quem é o culpado por tudo isso? São os nossos governantes, é o nosso governador [Renato Casagrande]. A batata quente da Saúde fica na mão da Prefeitura, quando chega uma pessoa em estado grave na UPA, sabe o que falam? Vamos procurar uma regulação, uma vaga [para remoção para UTI]. Aí começa a procurar no Central [Vitória], Jayme, Colatina, Nova Venécia. A regulação é assim, manda para tudo que é lugar”, declarou o vereador.

Vereador reforça acusações contar Pablo Muribeca

O vereador seguiu fazendo fortíssimas críticas ao fechamento do Jayme; e acusou nominalmente o deputado estadual Pablo Muribeca de atuar para que o Governo do Estado não abra o Pronto Socorro do Jayme na reunião ocorrida um dia antes da morte da moradora M.A.G.J.

“Diversas vezes ouvi na tribuna dessa Casa, ele [Pablo Muribeca] falar que defende a saúde. E agora ouvi um discurso que me envergou, defendendo o governador na terça-feira [dia 07 de maio]. A minha representação é de município, mas é aqui [referindo-se a Assembléia Legislativa, já que o Jayme é Estadual]. Se um deputado ir lá cobrar, como o Xambinho foi lá cobrar, como Vandinho tem cobrado…. mas eu não vi o deputado [Pablo Muribeca] que fala que é da saúde [cobrar]… Estou falando mal dele não, estou falando a verdade. Estou muito envergonhado de ouvir das palavras daquele homem [Pablo Muribeca] ‘que o governador está tentando’, ‘que lá atende [Jayme]’, ‘que culpado são as UPA’s’; ‘que Bernadete [secretária municipal de saúde] não foi lá ouvir os outros’.

Como informado acima na matéria, essa declaração de Jeffinho ocorreu na sessão dessa segunda-feira (13), entretanto, na quarta-feira passada (09) o Tempo Novo já tinha registrado que outros dois parlamentares, Saulinho da Academia e Sérgio Peixoto, tinha acusado Pablo de tentar esvaziar a reunião e blindar o governo. Acusações das quais o deputado negou em nota encaminhada para a redação. (Entenda mais clicando aqui)

Deu vai cobrar essa morte

Jeffinho subiu ainda mais o tom e culpou pela morte de M.A.G.J., o governador Renato Casagrande e Pablo Muribeca: “Essa morte aí Deus vai cobrar dele [Pablo Muribeca]; vai cobrar do governador”. Ele acusou Pablo de fazer vídeos utilizando o sofrimento dos outros em benefício político: “não foi isso que Deus me ensinou”, disparou.

Jeffinho cobrou união dos vereadores para tentar abrir o Pronto Socorro do Jayme Santos Neves e voltou a citar Casagrande: “Às vezes as pessoas estão no Jayme e não conseguem chegar na UPA, como esse caso. Vou dizer uma coisa para esse governador: não me envergonha mais não! Porque eu dei o meu voto para o senhor e te apoiei, porque eu já estou envergonhado, não me envergonha mais não!”. Jeffinho cobrou de Pablo que “seja deputado” e que “fiscalize o Jayme e o Dório” que se não for para não fazer isso que “continuasse como vereador”.

Secretaria de Saúde e Casagrande em silêncio

A reportagem do Jorna Tempo Novo demandou a Secretaria Estadual de Saúde que confirmou o recebimento do pedido de resposta, mas até o prazo estipulado não solicitou mais tempo para se posicionar e nem respondeu a demanda. O Tempo Novo também procurou a assessoria direta do governador Renato Casagrande em vista das gravíssimas denúncias proferidas pelo vereador da Serra Jeffinho do Balneário. Como de costume, o assessor responsável pelas demandas que tangem diretamente a Casagrande não deu nenhuma resposta.

Fui direto ao governador pedir a reabertura”, se defende Pablo Muribeca

A reportagem demandou a assessoria do deputado Pablo Muribeca. O parlamentar se defendeu de todas as acusações do vereador. Disse que está atuando para abrir o Jayme e tem conversado direto com Casagrande.

Quero afirmar o meu compromisso com a população da Serra de falar a verdade para resolver o problema da saúde na cidade. E deixar claro para a população e para o parlamento serrano que eu fui direto ao governador pedir a reabertura e levantei o debate com representantes do governo, que estavam na reunião realizada no dia 7 de março, na Assembleia Legislativa, Casa para a qual fui eleito principalmente com o voto do povo da Serra. Porque não basta colocar a responsabilidade dessa tragédia da saúde na Serra nas costas do Estado. O Estado tem sua parcela? Sim. Mas tem muito mais gente envolvida e distante da realidade dos pacientes que sofrem com atendimento precário na saúde. E a gente precisa resolver”.

Pablo criticou a ausência de representantes da Prefeitura na reunião do dia 07, que antecedeu a morte da moradora da Serra e classificou como “bagunça” a gestão de Saúde da Prefeitura: “Parabenizo a Câmara da Serra por participar do debate. Os parlamentares parecem estar preocupados com a saúde no município. Diferente da atual gestão da cidade que sequer teve coragem de enviar representante para uma reunião tão importante que fizemos com vários atores, para debater a abertura do pronto-socorro do Jayme. Quero dizer também que conheço bem a saúde da minha cidade porque vivo a minha cidade. Estou nas UPAs, atendo não uma pessoa, mas dezenas de pacientes que me acionam no meio da bagunça que é a administração municipal. Bagunça que prejudica as pessoas e os profissionais de saúde que se desdobram para fazer o melhor”.

O deputado cobrou dos vereadores mais fiscalização junto a Prefeitura: “Por fim, devo dizer que a falta de ação da prefeitura da Serra é que deve envergonhar tão combativos vereadores serranos, que precisam fiscalizar as ações da prefeitura, que é o papel constitucional do vereador. Eu, como deputado estadual eleito principalmente pelo cidadão da Serra, vou continuar preocupado com a prestação de serviço ao cidadão serrano e vou continuar fiscalizando, junto com meus colegas deputados. E convido também os vereadores, dentro da atribuição constitucional deles, a fazer uma fiscalização séria e comprometida apenas com o cidadão e não com esse ou aquele grupo político. Sempre estarei à disposição dos parlamentares da Serra e, principalmente, do cidadão”.

Serra sem hospital público de porta aberta e superlotação de UPA’s

O Hospital Jayme Santos Neves foi inaugurado em fevereiro de 2013, entre os pontos listados a época pelo Governo do Estado, da qual Casagrande também era o governador, estava a “referência em Pronto Atendimento”. Em sete anos, foram realizados 550 mil atendimentos com o Pronto Socorro aberto ao público 24h. Com a chegada da pandemia no Espírito Santo, o Jayme se tornou unidade hospitalar de referência e o Pronto Socorro foi fechado.

Entretanto, com o arrefecimento da doença, no idos de 2021 para 2022, esperava-se que o Pronto Socorro de porta aberta 24h voltasse a funcionar, já que o Jayme estava praticamente desmobilizado como referência de Covid. Fato que não ocorreu. Vale ressaltar que em maio de 2013, Casagrande também fechou o Pronto Socorro do Dório Silva, que funcionava desde os anos 80, sob a justificativa que não haveria necessidade de deixá-lo aberto, já que o PS do Jayme atenderia a demanda. (Entenda mais clicando aqui)

Dados disponibilizados pela Prefeitura da Serra e já divulgados pelo Tempo Novo demonstram que desde o fechamento do Pronto Socorro do Jayme, houve um aumento significativo no atendimento de moradores de outras cidades nas UPA’s da Serra, que já enfrentavam casos de superlotação mesmo com o Jayme recebendo pacientes de urgência e emergência de porta aberta. (Entenda mais clicando aqui)

Veja vídeo na íntegra:

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