Imagine que o coração é como um jardim. Às vezes, ele está cheio de flores e sol; outras vezes, parece que uma nuvem cinza ficou parada ali, e as plantas não querem crescer. Com os jovens, é assim também: alguns dias são leves e cheios de risadas, mas em outros, tudo parece pesado e sem cor. E tá tudo bem sentir isso de vez em quando! O problema é quando essa nuvem não vai embora…
Você já reparou se alguma pessoa próxima, um familiar ou uma amizade, anda diferente? Aquela pessoa que adorava jogar futebol e agora não quer mais sair de casa? Ou uma pessoa que sempre foi falante e, de repente, fica quieta o tempo todo? Às vezes, nós pensamos que é “fase” ou “manha”, mas pode ser um sinal de que algo mais sério está acontecendo.
A depressão e a ansiedade em jovens são como fantasminhas que mexem com a cabeça deles. A depressão faz com que tudo pareça sem graça – como se estivessem vendo o mundo pela janela de um quarto escuro. Já a ansiedade é como ter um monte de borboletas nervosas no estômago o tempo todo, mesmo quando não há motivo para se preocupar. Os dois podem aparecer juntos ou separados, e nem sempre são fáceis de notar.
Alguns sinais para ficar atento: se a pessoa parou de fazer o que gostava (como desenhar, dançar ou sair com os amigos); se está dormindo demais ou de menos; se vive reclamando de cansaço ou dores de barriga sem motivo médico; se fica muito irritada por coisas pequenas; ou se diz coisas como “nada vai dar certo” ou “eu sou um peso”. Na escola, pode aparecer em notas que caíram do nada ou em faltas frequentes.
Mas por que isso acontece? São muitas as causas: pressão na escola, bullying, perda de uma pessoa querida ou de um pet, problemas em casa, mudanças repentinas (como separação dos pais ou mudança de cidade) ou simplesmente uma sensação de não se encaixar. O importante é entender que não é culpa de ninguém – nem de quem está sofrendo, nem dos pais ou das amizades.
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Se você acha que alguém próximo está passando por isso, o que fazer? Primeiro, seja um bom ouvinte. Não precisa ter todas as respostas, só mostrar que se importa. Um “eu estou aqui para você” vale mais que mil conselhos. Convidar para fazer coisas juntos, mesmo que seja só assistir um filme, pode ajudar. E o mais importante: nunca ignore frases como “eu queria sumir” – isso pode ser um pedido de ajuda escondido.
Para quem está se sentindo assim, saiba que procurar ajuda é um ato de coragem, não de fraqueza. Conversar com os pais, um/a professor/a de confiança ou até mesmo um/a psicólogo/a pode ser o primeiro passo para entender esses sentimentos. Nos postos de saúde (UBS) e nos CAPS (Centros de Apoio Psicossocial), há profissionais preparados para ajudar gratuitamente. Se preferir, o CVV (188) está disponível 24 horas para conversar no telefone – sem julgamentos.
Todo mundo tem dias ruins, mas quando a tristeza ou o medo viram moradores fixos, é hora de agir. Assim como cuidamos de uma planta regando e dando sol, cuidamos das emoções com atenção e carinho. Não existe “coração errado” – só corações que precisam de um pouco mais de cuidado. E está tudo bem em precisar de ajuda para encontrar a luz de novo.