
As redes sociais chegaram como uma promessa de conexão, mas para muitos se tornaram fonte de ansiedade, comparação e até mesmo solidão. Você já pegou o celular só para dar uma “olhadinha rápida” e, quando percebeu, tinha perdido uma hora rolando a tela sem propósito? Ou se sentiu mal depois de ver a vida “perfeita” dos outros? Se a resposta for sim, você não está sozinho.
O problema não está em usar as redes, mas em como as usamos. Elas foram projetadas para prender nossa atenção – cada like, cada notificação, é um estímulo calculado para nos manter grudados na tela. E enquanto ficamos ali, perdemos tempo precioso, nos comparamos com vidas editadas e muitas vezes nos sentimos inadequados. A verdade é que ninguém posta os momentos difíceis, as dúvidas, os fracassos. O que vemos é um catálogo de highlights, não a vida real.
Mas se as redes podem fazer mal, por que continuamos usando? A resposta é simples: elas mexem com nossos mecanismos mais básicos. A busca por aprovação, o medo de ficar por fora (o tal do FOMO – fear of missing out), a necessidade de pertencimento. Somos seres sociais, e as redes exploram isso de forma brilhante – e perigosa. O resultado? Pessoas que checam o celular antes mesmo de levantar da cama, que sentem ansiedade quando ficam sem internet, que medem seu valor pelo número de likes.
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Então, como usar as redes de forma saudável? O primeiro passo é tomar consciência. Observe como você se sente antes, durante e depois de usar cada rede social. Algumas deixam você inspirado? Outras só trazem frustração? Faça uma limpeza: deixe de seguir perfis que não agregam nada, ou pior, que fazem você se sentir mal. Curta menos, escolha mais. E lembre-se: você não está perdendo nada ao não ver tudo. O que realmente importa vai te encontrar de outras formas.
Estabeleça limites. Nada de celular na mesa de jantar, no banheiro ou na cama. Defina horários para checar as redes – e respeite-os. Desative notificações não essenciais. A cada hora que você passa nas redes, é uma hora que não está vivendo de verdade: lendo um livro, conversando olho no olho, simplesmente existindo sem precisar registrar ou compartilhar.
Se perceber que está difícil controlar o uso, não hesite em buscar ajuda. Psicólogos podem te ajudar a entender o que essas redes estão suprindo na sua vida – seria carência? Tédio? Fuga de algo? Muitas vezes, o uso excessivo é sintoma, não causa. CAPS e universidades oferecem atendimento gratuito para quem precisa conversar sobre esses e outros desafios emocionais. O CVV (Centro de Valorização da Vida) também está disponível – basta ligar para 188 se precisar conversar.
As redes sociais são ferramentas. Como um martelo, podem construir ou destruir – depende de quem as usa. Você não é produto para ser monetizado por essas plataformas. Sua atenção, seu tempo, sua vida valem mais que isso. Que tal começar hoje a retomar o controle? Desligue um pouco, viva mais. A conexão verdadeira está do outro lado da tela.
Nilson Sant’Ana Aliprandi é Psicólogo Clinico – CRP 16/11049.
Psicólogo Humanista que realiza psicoterapia para adultos baseado na Abordagem Centrada na Pessoa. Também tem foco na prevenção do suicídio e autolesão, luto, negritude, LGBTQIAPN+, ansiedade, transtorno alimentar, depressão, autoconhecimento e etc.
Contato: 27 99690-2180