Após afirmar que os ‘rios estariam morrendo’ e alertar para o risco de crise hídrica no Espírito Santo, a Cesan deixou dois grandes vazamentos de água ocorrerem por cerca de 24 horas na Serra. A situação foi registrada e denunciada por moradores de Porto Canoa e José de Anchieta III.
Nesses dois bairros, tubulação estourada lançou milhares de litros de água no meio da rua, chegando a alagar vias. Na comunidade de José de Anchieta, moradores ligaram diversas vezes para a companhia, que só foi consertar o vazamento depois que se passaram mais de 24 horas, segundo Paulicéia Santos – residente do bairro.
“Ficou jorrando água por mais de 24 horas e nós moradores sofrendo com a falta de água em casa durante esse período. Ligamos várias vezes para a Cesan na segunda-feira e eles só foram consertar o vazamento na terça-feira; isso é desperdício”, afirmou.
Já em Porto Canoa, a água vazando inundou parte de uma das pistas da Rotatória de Maringá e tomou conta da Avenida Norte Sul, sentido Porto Canoa x Laranjeiras. Quem passou pela região se indignava com o desperdício.
“Isso aqui é brincar com a cara do povo. Eles pedem para gente economizar água, mas deixam vazamentos como este acontecer por horas. O pior é que a pista ficou alagada, o que poderia causar acidentes com as pessoas que passam aqui”, desabafou Fernanda Soares.
O que diz a Cesan
Acionada pelo Jornal TEMPO NOVO, a Cesan afirmou que técnicos estiveram no bairro nesta terça-feira (21) e corrigiram os vazamentos. Culpou ainda uma obra de terceiro, que segundo a empresa, teria ocasionado o problema.
Sobre a falta de água em José de Anchieta III, a Cesan confirmou que durante a realização do serviço emergencial, o abastecimento precisou ser interrompido e está sendo retomado de forma gradativa.
“Em casos pontuais de falta d’água os moradores podem acionar a Cesan pelo telefone 115. A chamada é gratuita e o atendimento funciona a qualquer hora do dia ou da noite”, disse a Cesan em nota.
Espírito Santa registra seca fraca
Na última atualização do Monitor de Secas, foi divulgado que, entre março e abril, o Espírito Santo voltou a registrar seca fraca em 27% de seu território, o que não acontecia desde dezembro de 2021, quando houve seca em 25% do estado. Apesar disso, o Espírito Santo teve o menor percentual de área com seca e a menor severidade do fenômeno entre os estados do Sudeste.
Vale ressaltar ainda que no dia 21 de dezembro de 2021, a Cesan afirmou que o rio Santa Maria – que abastece grande parte da Serra – ‘está morrendo’. Foi a primeira vez que o órgão faz uma afirmação dessa natureza, colocando em dúvida a capacidade do principal rio da Serra em abastecer a população.
A longo prazo, a situação é ainda mais grave, já que a Serra vive um significativo aumento populacional. De acordo com estimativas do IBGE, em 2030 a cidade vai ter 1 milhão de moradores. Portanto, políticas de segurança hídrica devem estar entre os principais desafios para a próxima década.