Clarice Poltronieri
Com a crise econômica e o desmonte dos programas de assistência social do Governo Federal, o número de pessoas vivendo em estado de pobreza e extrema pobreza aumenta no Brasil. Na Serra, são 28 mil famílias, cerca de 90 mil pessoas em estado de pobreza ou extrema pobreza (miseráveis). No primeiro caso cada pessoa sobrevive com até R$ 170/mês; no segundo, R$ 85/mês.
Isso num contexto de corte do número de bolsas-família: desde dezembro de 2016, seis mil serranos deixaram de receber o benefício e hoje apenas 18 mil famílias são beneficiadas. As informações são da assessoria de imprensa da Prefeitura.
O impacto é perceptível pela busca em programas de assistência social, governamentais ou não. Em Jardim Limoeiro, o Centro Pop e Abordagem Social, que atende moradores de rua em diversos aspectos, incluindo higiene pessoal e alimentação, os atendimentos estão sendo trabalhados no limite desde o início do ano.
É o que relata a coordenadora do Centro Pop, Janine Maria Ramos Cota. Segundo ela, todos os dias são atendidas 80 pessoas – a capacidade máxima do espaço. “Às vezes fica até gente sem atendimento. Ano passado atendíamos de 50 a 70 pessoas por dia. Esse aumento está sendo causado pela atual situação econômica do país, com um alto índice de pessoas desempregadas. Mas também poderia ser revista a política de habitação”, opina.
Mas, paradoxalmente, foi reduzido o número de moradores de rua na Cidade. Em 2016 eram 397 e a última contagem, feita em junho último, apontava 284. “Por conta do trabalho do Centro Pop, retomado ano passado após um período fechado, muitas pessoas voltaram para as suas famílias de origem. Mas esse número de pessoas morando na rua pode aumentar até o fim do ano se a economia não melhorar”, explica.
No Centro de Referência e Assistência Social (Cras) de Planalto Serrano, a psicóloga Catarina Zambon descreve aumento na busca pelos serviços. “Atendemos Planalto Serrano A,B e C, Campinho da Serra I e II, Vista da Serra I e II. Desde o ano passado houve aumento na procura por cesta básica e temos aberto muitos cadastros novos, de pessoas que nunca fizeram parte de programas sociais. E o governo federal está fechando o cerco na concessão de benefícios”, observa.