Eci Scardini:
Em se tratando de Serra, o resultado das urnas trouxe alegria para poucos e tristeza para muitos e mostrou que a geopolítica no município está mudando de mãos e seguindo na direção de nomes, que podem não ser tão novos na política, mas são na idade. A era da polarização Vidigal x Audifax dá sinais de que está chegando ao fim.
Vidigal (PDT) sai das urnas reeleito deputado federal com 73.030 votos, muito menos do que os 161.744 conquistados na eleição de 2014 (88.714 votos a menos). Além de perder mais da metade dos votos, não conseguiu ver a sua esposa, Sueli, se eleger deputada estadual (ela obteve 14.631 votos). Esse resultado mantém Vidigal na política, mas mostra que o seu poder de fogo já não é o mesmo.
O prefeito Audifax Barcelos (Rede) vai comemorar efusivamente a eleição de Fabiano Contarato para o Senado, já que essa foi uma aposta pessoal dele. Entretanto, os resultados para deputado federal e estadual não foram animadores, apesar de ver eleito Alexandre Xambinho.
A aposta em Guto Lorenzoni para federal mostrou-se equivocada, pois o vereador teve apenas 23.546 votos; muito pouco para o esforço empreendido. Alexandre Xambinho pode comemorar a sua vitória nas urnas, mas o prefeito Audifax nem tanto. Os 12.095 votos obtidos são muitos para o vereador, mas pouco para o empenho que fez o prefeito do maior reduto eleitoral do Estado.
Os Lamas podem comemorar, mas com moderação. Bruno foi reeleito deputado estadual com 16.979 votos; 2.830 a menos que os 19.809 conquistados em 2014, lembrando ainda que ele colou exaustivamente a sua imagem com a do governador eleito, Renato Casagrande (PSB). A sua mãe, Márcia Lamas, que é vice-prefeita, entrou no jogo já com ele em andamento e não tinha a obrigação de ganhar, mas 0s 9.781 votos foram poucos, considerando a expectativa criada pela família e pelo PSB.
Vandinho Leite (PSDB) é o outro serrano que sai das urnas eleito, com 19.799 votos. Não tinha prefeito padrinho, empresário padrinho e nem colocou sua imagem com o candidato a governador. Também não dá para fazer um paralelo da sua votação de 2014, quando disputou uma vaga de deputado federal e obteve 86.506 votos. Vandinho pode comemorar.
Jamir Malini mais uma vez bate na trave e fica com a primeira suplência na coligação, com 11.960. Tem chances novamente de em janeiro de 2020 assumir o mandato de deputado estadual (como já aconteceu duas vezes), uma vez que os dois eleitos (Renzo Vasconcelos e Raquel Lessa) devem disputar a eleição de prefeito em Colatina e São Gabriel da Palha, respectivamente, e com chances de vitória.
Terminadas a euforia e a decepção dessa eleição, o jogo se volta para a Prefeitura da Serra, em 2020. Até lá, Vidigal estará com 63 anos e Audifax 56. Entretanto, estarão sendo completados 24 anos (praticamente um quarto de século) que os dois comandam a Serra, com três mandatos de prefeito cada um. Audifax não poderá ser candidato à reeleição e terá que passar o bastão para outro.
Mas Vidigal pode. Resta saber se com a votação que obteve agora ele terá segurança de vitória ou se é melhor apostar em outro nome.
A safra mais nova, Vandinho Leite (40) e Bruno Lamas (41), deve ser a bola da vez. A menos que apareça um azarão e passe na frente deles (Magno Malta e Ricardo Ferraço que o digam). Deixem todos venderem para a população o gosto da vitória; mas no íntimo há um sentimento de que essa vitória veio um pouco amarga.