
A motivação e autoria de um crime que chocou o bairro Parque Residencial Laranjeiras, na Serra, foram reveladas pela Polícia Civil nesta quarta-feira (8). A execução de Wellington de Souza Lima, traficante conhecido como Leleto, de 47 anos, foi ordenada por Tobias Claudino Nascimento, chefe do tráfico nos bairros Serra Dourada II, III e Novo Porto Canoa e integrante da facção Comando Vermelho (CV). Tobias está preso no presídio Gabriel Ferreira Castilho, em Bangu, no Rio de Janeiro.
O crime aconteceu em 6 de março de 2024, em plena luz do dia, conforme informado pelo Jornal Tempo Novo. Leleto foi alvejado com 27 tiros, entre os 79 disparos feitos com armas de calibres 9 mm e .40. A ação ocorreu na rua Miguel Ângelo, nas proximidades do Hospital Dório Silva. A investigação, conduzida pela Delegacia de Homicídios da Serra, durou mais de um ano.
“Foi um dos crimes mais pesados que já investiguei”, afirmou o delegado Rodrigo Sandi Mori. “Eles estavam encapuzados, usaram um carro clonado e atiraram quase 80 vezes no meio do dia. Era uma execução planejada em detalhes”, completou.
Rivalidade antiga e acerto de contas no tráfico na Serra
A motivação do crime foi a rivalidade entre Tobias e Leleto, que começou em 2006, quando Leleto rompeu com o grupo de Tobias e passou a comandar pontos no bairro rival, Serra Dourada 3. Em 2018, Leleto tomou o controle da Rua Gardênia, local estratégico do tráfico em Serra Dourada 2, aumentando o confronto entre os dois.
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Para consumar a vingança, Tobias contou com a ajuda de Ruan de Freitas Camargo Cruz, que havia sido expulso do tráfico de Serra Dourada 3. Como “prova de lealdade”, Tobias exigiu que Ruan planejasse e executasse o assassinato de Leleto.
Também participaram da ação:
- Lucas Ribeiro Laubach (vulgo Tuelinho), foragido e suspeito de estar no Rio de Janeiro;
- Diogo Amaral, preso em dezembro de 2024.

Emboscada montada com ajuda de motorista do PCC na Serra

O crime também contou com a participação de Luís Felipe Souza Machado, motorista de aplicativo e membro do PCC, que era de confiança da vítima. Ele recebeu R$ 35 mil para entregar Leleto aos rivais.
Na data do crime, Luís Felipe foi buscar Leleto na saidinha do presídio e o levou até a casa da ex-esposa, alegando que não haveria escolta “para não chamar atenção”. A confiança entre eles era tão grande que Leleto aceitou a corrida mesmo com receio. Durante o ataque, a porta do carona do Renault Sandero estava travada, impedindo qualquer tentativa de fuga.
“O Wellington confiava nele. Eles tinham uma relação antiga. Foi uma traição premeditada”, explicou o delegado Sandi Mori.
Dinâmica do assassinato

- Às 11h55, um Toyota Yaris clonado interceptou o Sandero da vítima.
- Ruan de Freitas Camargo Cruz foi o primeiro a descer e atirar diretamente no carona, onde Leleto estava.
- Lucas Laubach efetuou disparos de rajada.
- Diogo Amaral, braço armado de Tobias, também participou da ação.
O veículo usado no crime não foi localizado. Investigações apontam que ele circulava entre o Espírito Santo e Minas Gerais. As imagens de câmeras de segurança foram cruciais para traçar o percurso e identificar os envolvidos.

A Polícia Civil indiciou os envolvidos por:
- Homicídio qualificado (motivo torpe, meio cruel, impossibilidade de defesa da vítima e uso de arma de fogo de uso restrito);
- Associação criminosa.
Todos já são réus em processo que tramita na 3ª Vara Criminal do Júri da Serra.
“Depois dessas prisões, cessaram os tiroteios e homicídios entre Serra Dourada 2 e 3. A associação criminosa foi desarticulada”, destacou o delegado.
Até o momento, Lucas Ribeiro Laubach continua foragido.