Depois de uma assembleia realizada na manhã desta terça-feira (26) na portaria do Hospital Jayme Santos Neves, em Morada de Laranjeiras, na Serra, os técnicos e auxiliares de enfermagem anunciaram entrar em estado de greve. A categoria reclama da sobrecarga de trabalho, pois muitos estão afastados por Covid-19, falta de EPI adequado, cortes de benefício como pagamento de feriado em dobro e baixo salário.
Na página do Facebook do Sindicato de Técnicos e Auxiliares de Enfermagem – Sitaen-ES está público o edital de convocação para assembleia extraordinária e permanente convidando a categoria vinculada ao Hospital Jayme Santos Neves, para participar da Assembleia Geral Extraordinária, que seria realizada na manhã desta terça (26). Logo após, foi publicado um vídeo falando da possibilidade da greve.
Por meio de nota o Sitaen-ES confirmou a assembleia realizada na manhã desta terça (26) e disse que a categoria da saúde que atua em hospital referência em Covid-19 na Grande Vitória pode paralisar a qualquer momento. Confira no final da matéria a nota na íntegra.
A reportagem entrou em contato também com o Sindsaúde – Sindicato dos Servidores da Saúde no Estado do Espírito Santo. “Quem representa todos os trabalhadores na saúde pública no Estado do Espírito Santo é o Sindsaúde, e a Secretaria de Estado da Saúde não reconhece eles como representantes da categoria, inclusive está negociando conosco, isso pode trazer um problema inclusive para os trabalhadores do Jayme que são terceirizados e podem acabar tendo uma ruptura de contrato”, diz Geiza Pinheiro, presidente do Sindsaúde.
De acordo com o Sindienfermeiros, o anúncio não se encaixa a categoria e os enfermeiros trabalham normalmente.
O TEMPO NOVO também demandou a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) que disse por meio de nota que a direção do Hospital Estadual Dr. Jayme Santos Neves informou que não foi formalmente notificada sobre paralisação da categoria. O funcionamento da unidade, bem como o trabalho dos funcionários segue dentro da normalidade.
Confira a nota completa do Sitaen-ES:
Técnicos e Auxiliares em Enfermagem do Hospital Estadual Jayme Santos Neves, na Serra, decidiram entrar em estado de greve. A decisão foi tomada, na manhã de hoje, em assembleia geral extraordinária, realizada em frente à unidade.
A categoria reclama da sobrecarga de trabalho, pois muitos estão afastados por Covid-19, falta de EPI adequado, cortes de benefício como pagamento de feriado em dobro e baixo salário.
O Hospital Jayme é referência no atendimento para pacientes com Covid-19. Muitos técnicos e auxiliares que contraíram a doença acreditam que foi dentro do hospital devido a falta de EPI.
Como muitos profissionais estão afastados, quem continua trabalhando reclama que a carga de serviço dobrou. Alguns estão extrapolando suas funções realizando o serviço de maqueiro.
A falta de assistência com os doentes por Covid-19 é outra reclamação. A maioria diz que a direção do hospital não se importa se eles estão se recuperando bem ou não. Muitos relatam que sequer receberam uma ligação.
Para piorar ainda mais a situação já precária, a Associação que administra o hospital demitiu técnicos e auxiliares em enfermagem que estão no grupo de risco. Muitos desses trabalhadores estão acima dos 60 anos e próximos de se aposentar.
O salário baixo é outro grave motivo de insatisfação dos trabalhadores. Técnicos em enfermagem do hospital ganham pouco mais de R$ 1.200 reais.
Os trabalhadores também pediram que o governo estadual cumpra com a promessa de conceder o salário de R$ 2.400 reais que foram oferecidos para técnicos quem trabalha em hospitais de referência em Covid-19.
Em negociação de acordo coletivo que aconteceu entre o Sindicato dos Auxiliares e Técnicos em Enfermagem (SITAEN-ES) e a Associação que administra o hospital, que foi intermediada pelo Ministério Público do Trabalho e acompanhada pelo governo do estado, a empresa ofereceu apenas um aumento de 3%. O valor está bem abaixo da inflação acumulada do ano passado que foi de 4,3%.
O SITAEN-ES vai notificar a empresa sobre a decisão da categoria para se manifestar em um prazo de 72 horas. A decisão também será enviada ao Ministério Público do Trabalho.