Um tribunal determinou que uma rede de supermercados indenize dois irmãos, um homem e uma mulher, por danos morais. Eles foram falsamente acusados de furto em uma loja localizada em um bairro da Serra. A juíza Marlúcia Ferraz Moulin, da 3ª Vara Cível da Serra, decidiu que cada irmão deve receber uma indenização de R$ 5 mil.
Conforme os irmãos, que são negros, relataram no processo, um segurança da loja os seguiu desde a entrada, causando desconforto. Eles compraram um iogurte e uma garrafa de água, e inicialmente colocaram uma peça de carne no carrinho, mas decidiram devolvê-la ao açougue ao notar que a embalagem estava danificada.
Na saída, foram confrontados pelo segurança, que os acusou de roubo em voz alta, causando embaraço na frente de outros clientes e funcionários. O segurança exigiu o comprovante de compra e questionou a caixa sobre o pagamento, insinuando que eles não teriam meios de pagar por itens de valor total de R$ 3,28.
Os irmãos expressaram que o incidente trouxe à tona memórias dolorosas de discriminação racial. “Essas experiências remetem a uma vida inteira de injúrias raciais, acusações infundadas e olhares suspeitos devido à cor da pele”, declararam no processo.
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Conforme apurado pelo Jornal Tempo Novo, a defesa da rede de supermercados argumentou que o segurança agiu de maneira civilizada e respeitosa, esperando os irmãos saírem para evitar constrangimento. Afirmaram também que o comportamento dos irmãos parecia suspeito, já que eles caminhavam pela loja sem selecionar produtos e devolveram a carne.
A juíza, em sua decisão, enfatizou que, embora a loja não negasse os eventos, tentou justificá-los alegando suspeitas sobre os irmãos. Assim, ela considerou que a situação causou danos morais aos reclamantes e responsabilizou a rede de supermercados, ordenando a indenização de R$ 5 mil para cada irmão.
