Ana Paula Bonelli
Uma tradição que foi trazida para o Brasil pelos portugueses durante o período colonial está resistindo ao tempo. Na Serra, um grupo de pessoas trabalha para manter o legado das festas juninas vivo.
Uma delas é Tiago Maia que está inserido no mundo junino há 25 anos. Morador de Barcelona, o quadrilheiro destaca que a Serra é o berço de grupos de destaque no cenário capixaba. “Quase não há apoio do poder público, quando há, é um ou outro que faz por gostar do movimento. Aqui na Serra a cultura é mais forte ou poderia dizer menos fraca. As quadrilhas mais antigas e de renome são Serra Pelada, Zé Barriga, Chico Canela, Caipiras, Piratas, Chica Dengosa entre algumas outras. É um mundo mágico e trabalho para manter a tradição viva e de forma voluntária, porque amamos tudo isso. Existem aqueles que fazem tudo por amor ao culto, inclusive tirar do próprio bolso para às vezes bancar um projeto inteiro”.
Outra que também arregaça as mangas para não deixar as festas juninas morrerem é Josiane Cardoso Pires Oliveira, de Feu Rosa, que promove eventos juninos há cerca de cinco anos.
“É uma tradição que vem se perdendo. Eu sou quadrilheira e estamos suando para manter esse costume vivo. Antes nós tínhamos 43 arraiás registrados na União Capixaba Junina (Ujuc) e a maioria era da Serra, hoje temos menos de 20. Fazemos mais do que uma simples quadrilha, realizamos um espetáculo temático, com roupas, canções e nossa maior satisfação é ver as famílias unidas assistindo as apresentações e o sorriso de felicidade estampado em cada rosto”.
Josiane destaca o evento 1º Festival Gonzagão de Quadrilhas Juninas do Espírito Santo que aconteceu no mês passado em Barcelona e foi uma seletiva estadual para o Torneio de Arraiás que acontece em São Luiz do Maranhão. O ganhador foi o Arraiá Amor Caipira de Cidade Pomar. “Eles que vão representar o Espírito Santo e a Serra no Nordeste ao lado de grupos de todo o Brasil”.
O produtor cultural Patrick Rosa, morador de São Domingos, também está a frente do movimento quadrilheiro. Ele promove o projeto Rodada Cultural em bairros da Serra que durante os meses de junho e julho será totalmente voltado para os festejos de São João, São Pedro e Santo Antônio. “Já fui marcador de quadrilha durante sete anos, parei por algum tempo mas agora estou de volta. Nosso objetivo é alavancar para não deixar esta herança morrer. Entre dança e organização são 20 anos”.
Final de semana com muito arraiá em Campinho da Serra
Nesta Sexta (23) e sábado (24) acontece o 1° Arraiá do Parquinho, em Campinho da Serra II, próximo ao campo de futebol. Nos dois dias de evento haverá apresentação de grupos de dança, DJs, e dois grupos juninos da Serra.
O Arraiá Gabiraba Gabshow de Feu Rosa se apresenta no sábado. Na sexta, também terá grupo junino, mas ainda não tem qual arraiá irá se apresentar.
A festa nos dois dias começa às 18h30 e contará com várias barracas de comidas e bebidas típicas, além de brinquedos para a criançada. O evento conta com o apoio do Projeto Rodada Cultural e também com o apoio de dona Celina, presidente da Associação de Moradores de Campinho da Serra II.
Tancredão, em Vitória
Também no final de semana, acontece o 29º Festival de Quadrilhas da Associação Capixaba de Arraiás, no Ginásio do Tancredão, em Vitória. Três grupos juninos da Serra irão participar do evento. Na sexta (23) tem apresentação do Arraiá Gonzagão, de Nova Carapina. Já no sábado (24) é a vez da Estilizada Junina Amor Caipira, de Cidade Pomar e Arraiá Disse Me Disse, de Planalto Serrano.
Participação também do Arraiá Cheiro de Forró, de Barcelona, que irá homenagear o Arraiá Zé Barriga, que não existe mais, mas que foi de muita tradição no Espírito Santo.