Lideranças disputam controle do PT no ES de olho em 2018

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Depois de Lula aparecer em primeiro lugar nas projeções para eleição presidencial de 2018, a disputa para comandar o PT no ES e na Serra ficou ainda mais acirrada. Foto: Divulgação / Agência Brasil

Conceição Nascimento
Yuri Scardini

O mercado político capixaba tem acompanhado com atenção as movimentações internas do PT para escolha dos novos membros para comandar o partido. As eleições que estão marcadas pelo Brasil afora, acontecerão entre abril e maio desde ano. Aqui no ES, dois nomes estão cotados para disputar a posição de presidente do partido, o deputado federal e candidato a prefeito da Serra em 2016, Givaldo Viera e o atual presidente do partido e ex-prefeito de Vitória, João Coser.

Mesmo que ninguém confirme publicamente, especula-se que a disputa tenha como pano de fundo, a rivalidade entre o atual governador Paulo Hartung (PMDB) e o ex-governador Renato Casagrande (PSB). Historicamente João Coser é um dos nomes de confiança de Hartung, e responsável por manter o PT na base do governo. Já Givaldo foi vice-governador na gestão de Casagrande entre 2010 e 2014 e tem um bom transito junto ao grupo do socialista.

Quatro chapas foram registradas, mas ainda pode haver junção de algumas delas. A tendência é que a corrente Construindo Um Novo Brasil (CNB) comandada pelo deputado estadual Nunes, se una a chapa de João Coser. Já Givaldo tem como um dos principais aliados o ex-prefeito de Cariacica e atual deputado federal, Helder Salomão. Podem somar a este bloco, figuras influentes dentro do partido, como a primeira suplente de deputado federal Iriny Lopes e Cláudio Vereza, ex-presidente da Assembleia Legislativa do ES.

Aqui na Serra a disputa se espelha no cenário estadual. De um lado estará o grupo ligado ao vereador Aécio Leite, membro do núcleo do deputado Nunes. O nome escolhido para representá-los como candidato a presidente foi Miguel Junior. 

Na outra ponta está Manoel Bueno dos Santos, o Nego da Pesca, como candidato à Presidência. Nome ligado à Givaldo Vieira, Helder Salomão e à ex-vice-prefeita Lourência Riani.

Deputado diz que tem que se afastar de “golpistas”

 Os 23 mil filiados do Partido dos Trabalhadores no Espírito Santo devem escolher seus dirigentes para os próximos três anos. A escolha se dará em todos os municípios do Estado no próximo dia 9 de abril. Já a escolha da direção estadual acontece durante o congresso da legenda, nos dia 5, 6 e 7 de maio. O deputado federal e ex-vice governador Givaldo Vieira que tem domicílio eleitoral na Serra, já presidiu a legenda entre os anos de 2008 e 2011, está cotado para representar uma das chapas. Ele conversou com a reportagem do Jornal Tempo Novo e falou sobre as propostas à frente da legenda.

Foram inscritas quatro chapas para disputar a direção estadual do PT. O seu nome deve ser confirmado representando um desses grupos?

O meu nome está à disposição da Chapa; se o grupo achar que eu devo representar, farei com a maior motivação. A tendência é que feche em torno do meu nome, acho que não haverá dificuldade para isso. 

Há quem avalie que o movimento desses grupos teria como objetivo reduzir a influência do atual presidente, João Coser, no partido. O que acha?

Este não é o foco do nosso movimento, nosso foco é o partido, o melhor caminho para o PT no Estado. Um PT com autonomia política. Hoje a permanência do partido no governo Paulo Hartung (PMDB) diminui essa autonomia, desconfigura a identidade do partido. Sofremos um golpe à democracia (impeachment da presidente Dilma Rousseff) e estamos num governo com os que protagonizaram o golpe, o que nos deixa em situação contraditória.

Outras questões têm desmotivado a militância?

Além da questão da autonomia, é a transparência, pois defendemos uma direção absolutamente transparente, que preste contas dos recursos na internet; que escolha um colegiado para fazer a gestão financeira; acabar com decisões de cúpula. Também se faz necessária a consulta à militância sobre as decisões do partido. A movimentação de petistas no Governo não foi discutida, mas organizada por uma decisão de cúpula que não leva ao debate. A decisão é feita pelo presidente e um grupo. O meu posicionamento vai ser coletivo, já deixei claro que não é adequada a participação no governo do Estado. Vejo que a base também não concorda e vou garantir que haja este debate.

A sua proximidade com Casagrande contribuiu para trabalhar o seu nome como presidente do PT, uma vez que Coser é aliado de primeira hora de PH?

Essas questões externas não interferem no partido. O que está posto são visões diferentes de como organizar e posicionar o partido no próximo período.

Quais são seus planos para 2018, em relação às eleições?

2018 ainda está muito longe. Vou cumprir o papel que o partido discutir e deliberar, reeleição seria o caminho natural, mas não estou dedicado a isso agora, estou no meio do mandato e não pensando na reeleição. 

O partido tentou montar uma candidatura de consenso na Serra, mas ficou dividido em duas candidaturas, Nego da Pesca e Miguel Júnior. O que pensa sobre essa disputa, pode afunilar para um candidato?

Acho que vai se dar como está o que é muito natural. O PT faz debates e é uma forma de fazer as escolhas de maneira democrática. A tendência no Estado é que a chapa do Nunes se junte com Coser e se confirme a candidatura da nossa chapa, que é ampla. 

Lula vem aparecendo em primeiro lugar nas pesquisas eleitorais para presidente em 2018. Acredita que isso contribui para um acirramento na disputa interna do PT?

Não diria que contribui para o acirramento, mas serve de motivação neste momento de reorganização do partido. A expectativa da candidatura do Lula ajuda a mobilizar os filiados em todo o país para preparar o partido e mostra que o PT ainda tem um grande papel. 

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Gabriel Almeida

Jornalista há mais de ano anos, Gabriel Almeida é editor-chefe do Portal Tempo Novo. Atua diretamente na produção e curadoria do conteúdo, além de assinar reportagens sobre os principais acontecimentos da cidade da Serra e temas de interesse público estadual.

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