Diferentemente de cidades cuja eleição atende ao exclusivo interesse de seus munícipes, numa cidade como Serra é impossível não transbordar para mais que o aqui e agora. Com parque de produção exportadora e população metropolitana, a eleição do prefeito, vice e vereadores despertam atenção para além de seus limites territoriais. Quer dizer, embora as escolhas estejam condicionadas àquele(a)s com domicílio eleitoral de endereço na cidade, outros atores participarão das agendas eleitorais.
Contratos milionários entre agentes produtivos aqui e consumidores do outro lado do Atlântico, interferem nas preferências eleitorais. E sendo a cidade com maior oferta de vagas de trabalho e de oportunidades de negócios, a eleição é pano pra manga. Mesmo os serviços públicos em execução seja por concessão, exploração, uso ou que modo seja; pela importância, porte ou robustez, depositarão fichas neste ou noutro pretendente. E ainda que não queira, será chamado à roda de conversa.
Não há como ser grande impunemente. A complexidade das atividades urbanas e os desafios de manter a cidade em pleno funcionamento, exigem múltiplas relações. A cada relação vem o correspondente interesse. Seja econômico, influência política, quer seja regional, estadual nacional ou transnacional.
Mas é o cidadão que chacoalha nas linhas alimentadoras do Transcol? Que mais além do porte e título de eleitor, para participar do jogo? Quando será chamado? Será quando por acaso lhe entreguem o colorido “santinho”? Cuja foto se esforça pra reconhecer e não traduza bem a sigla pouco destacada? Mas distingue algumas das palavras escritas no verso. Já lhe é familiar saber que deve escolher, porque aquele garante resolver as agruras da vida. Embora o outro também e ainda melhor.
O que esse cidadão sabe e sempre soube, que ele e seus interesses estarão numa fila qualquer. Seja da UPA, do Transcol ou da urna eleitoral.