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Insurreição do Queimado completa 174 anos e terá caminhada noturna e celebração na Serra

Insurreição do Queimado
O movimento se caracterizou como um dos principais contra a escravidão em território capixaba e um dos mais expressivos no Brasil, sendo comparado com a Guerra dos Palmares. Crédito: Arquivo Jornal Tempo Novo

Há 174 anos, a Serra, foi o palco da maior revolta de escravos do Espírito Santo e uma das mais históricas do Brasil em busca da liberdade. Trata-se da Insurreição do Queimado, que contou com a participação de mais de 300 pessoas escravizadas e ocorreu em 19 de março de 1849. O movimento se caracterizou como um dos principais contra a escravidão em território capixaba e um dos mais expressivos no Brasil, sendo comparado com a Guerra dos Palmares.

Para homenagear a data, anualmente na Serra, acontece uma série de atividades e em 2023 não será diferente. A programação contará com caminhada noturna, celebração na frente da igreja de São José do Queimado, palco do início da revolta, e sessão solene na Câmara da Serra.

A agenda na Câmara de Vereadores, na Serra Sede, será nesta quinta-feira (16), às 19h. Com o tema “Kizomba – Construindo Ninhos e Voltando para Casa”, autoridades locais, ativistas sociais e do movimento negro além de especialistas no assunto farão um momento de reflexão sobre um dos mais importantes movimentos de revolta dos escravizados acontecidos na região Sudeste.

A programação continua no sábado (18) quando acontece a tradicional Caminhada Noturna dos Zumbis Contemporâneos. A 11ª edição do evento terá como ponto de encontro a praça da estátua Chico Prego, na Serra Sede, às 21 horas. De lá, os participantes vão andar por um percurso de aproximadamente 21Km.

O trajeto tem lindas paisagens pelo caminho até chegar ao sítio histórico. Da praça Chico Prego, os caminheiros saem com destino ao sítio histórico do Queimado, passando pela região rural da cidade. A caminhada passa por Cascata, estrada de Aroaba, realizando a parada Afro Cultural no Sítio Recanto Morro do Céu. A caminhada continua em direção à Fazenda Roncetti sentido Queimado pela Estrada Chico Prego.

+ Chico Prego: o escravo da Serra, herói-mártir do Queimado e um dos mais importantes do país

Logo depois do CDP da Serra é realizada uma breve pausa para reagrupamento, no trevo próximo a entrada da pedreira. Em seguida sobe a ladeira à direita em direção a Lagoa Sarapongá, onde acontece uma nova parada para hidratação e compartilhamento. Em seguida a caminhada segue o seu destino final que é o sítio histórico de Queimado onde às 09h acontecerá a Celebração Afro Ecumênica.

A chegada no sítio histórico de Queimado está prevista para às 9h do domingo (19) onde acontecerá a celebração afroecumênica.

Serão disponibilizados ônibus para quem quiser ir ao evento. Veja de onde sairão:

A 11ª Caminhada Noturna dos Zumbis Contemporâneos é organizada pelo Fórum Chico Prego e realizada pela Prefeitura Municipal da Serra, por meio da Secretaria de Diretos Humanos e Cidadania e da Secretaria de Turismo, Esporte e Lazer. O movimento conta ainda com apoio do Conselho Municipal do Negro.

Foto do Jornal Tempo Novo no final do anos 1980. Crédito: Arquivo TN

Sobre a Insurreição do Queimado

Historiadores estimam que à época da Insurreição, o Queimado tinha aproximadamente cinco mil habitantes. Neste período, o italiano, natural da cidade de Roma, Frei Gregório José Maria de Bene estava designado para ser o responsável paroquial da Freguesia. Foi dele a ideia de construir a Igreja de São José do Queimado, que ficaria situada no alto de uma colina e daria visão de toda a freguesia do Queimado.

Para a empreitada, o Frei convenceu escravos oriundos das fazendas vizinhas, a ajudarem na construção, com autorização de seus respectivos senhores. Como moeda de troca, os escravos seriam libertos por meio de cartas de alforria.

Para construir a igreja, os escravos levaram cerca de dois anos. A tarefa árdua consistia, por exemplo, no carregamento manual de pedras grandes e pesadas do Rio Santa Maria da Vitória (que atualmente abastece ¾ da Serra) até a íngreme colina, distante algumas léguas. As atividades eram feitas no período da noite, para não comprometer a produção nas fazendas.

Líderes dos escravos já vinham desconfiando que a promessa não seria cumprida, e pressionavam Frei Gregório que dava sinais trocados. Em 19 de março de 1849, no dia da inauguração da Igreja, um grupo de escravos, organizados e armados, invadiu a igreja com a reinvindicação da prometida liberdade – o que não aconteceu.

Escravos foram condenados a até 1.000 açoites em praça pública. Ilustração: arquivo nacional

Esse grupo saiu em seguida para as fazendas vizinhas a Queimado, libertando escravos de seus senhores. O número de partícipes do movimento superou 300 pessoas escravizadas.

De acordo com o historiador Clério Borges, no documentário ‘Queimado – A luta pela Liberdade’, do diretor Rogério Martins, o extermínio vitimou mais de 100 negros logo nos dois primeiros dias, que tiveram seus cadáveres jogados em que lagoa, que na época recebeu o sombrio apelido de ‘Lagoa das Almas’. Alguns acreditavam que poderia ser a atual Lagoa Sarapongá, mas nunca foi confirmado.

Os escravos e seus líderes começaram a vacilar em decorrência do temor dos castigos e da resposta agressiva por parte do Governo Provincial. Em uma batalha ocorrida neste mesmo dia, o movimento de insurgência se desmantelou. Em fuga por dias, Chico Prego e João da Viúva foram presos e os demais líderes terminaram capturados em sequência.

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