Enfrentando um aumento estarrecedor dos casos diários de coronavírus nas cidades capixabas, o Governo do Estado está estudando a possibilidade de adotar medidas restritivas mais duras nos municípios classificados como risco moderado – o que inclui a Serra. Além de restringir eventos de grande porte, a gestão do governador Renato Casagrande (PSB) pretende tornar o passaporte da vacina contra a Covid-19 uma exigência para permissão de acesso em diversos locais.
Mas antes de anunciar qualquer medida, o Estado tem dialogado com representantes do setor econômico; a ideia seria tomar as decisões sobre as novas restrições que podem ser adotadas nas cidades em risco moderado até o fim de semana, quando o governador já divulgaria as regras definidas. O setor mais afetado seria o de eventos, mas Casagrande também pretende tornar obrigatório a apresentação do comprovante vacinal em estabelecimentos comerciais.
Na última sexta-feira (21), Casagrande já havia anunciado as reuniões previstas para esta semana. “Vamos discutir nesta semana com entidades da sociedade capixaba, como a área de comércio, entre outras, algumas medidas que podemos tomar para essa nova fase da pandemia que estamos vivendo”, disse o governador em pronunciamento.
No entanto, a possibilidade da adoção de medidas restritivas mais duras gera um verdadeiro imbróglio na gestão de Casagrande em pleno ano eleitoral. Enquanto a pressão sobre os hospitais públicos e particulares aumenta com o avanço da variante Ômicron e a epidemia de gripe, o governador sofre oposições políticas já declaradas, inclusive, do presidente da Assembleia Legislativa, o deputado estadual Erick Musso.
O parlamentar declarou, em vídeo publicado nas suas redes sociais, que é contra um novo fechamento do comércio e de demais atividades econômicas. Afirmou ainda que caso Casagrande decida impor uma nova ideia de lockdown, a Assembleia vai agir “dentro da lei e das suas possibilidades” para impedi-lo.
“Se essas medidas forem tomadas pelo governador, nós vamos agir dentro da lei, das nossas possibilidades, dentro do que nos impõe a legislação estadual, para que a Assembleia tome seu posicionamento; não de conformidade, mas de ir contra essas decisões”, declarou o presidente da Ales.
Erick Musso ainda afirmou que medidas de fechamento do comércio não são eficientes e criticou o que ele considera desaceleração da vacinação no ES. “Nós sabemos que essas medidas não são as mais eficazes e eficientes; temos a compreensão de que é preciso avançar e continuar com a vacinação. O Espírito Santo já foi 3º lugar em vacinação no país, mas hoje está perdendo essa corrida por falta de planejamento, de eficiência e eficácia; e nós temos que unir os nossos esforços para ampliar a vacinação e não termos como medidas novos fechamentos para que não venhamos quebrar mais pessoas”, finalizou.
Espírito Santo nunca teve lockdown, mas já adotou medidas restritivas
O governo do Espírito Santo nunca adotou lockdown – fechamento total – das atividades comerciais desde o início da pandemia. Em 2021, o Estado realizou uma quarentena obrigatória com fechamento de algumas atividades comerciais e suspensão do ônibus do Transcol. Esse posicionamento mais brando, inclusive, é alvo de críticas de especialistas, que defendem o isolamento social como solução para diminuição da pandemia.
Até agora, Casagrande não anunciou novas medidas parecidas com as do ano passado, mas com o retorno da Serra e de Vila Velha para a classificação de risco moderado, o governador pediu para que os Municípios exijam o passaporte da vacina em bares e restaurantes.
“Mas desde já, a nossa recomendação é para que os municípios que migrarão para o risco moderado na próxima semana passem a exigir o passaporte da vacina em restaurantes e bares. Hoje, ele é uma exigência em ambientes fechados, como casamentos e shows”, disse o governador na última sexta-feira.
Casagrande ainda disse que a taxa de transmissão está perto de quatro. Informou também que o número de mortes por Covid-19 aumentou na Serra.
“Estamos neste momento com o índice de transmissão perto de 4. Então uma pessoa está infectando praticamente quatro outras pessoas; o número de pessoas infectadas é muito grande. Existe uma sensação de que a variante Ômicron não é tão perigosa; de fato, pelo número de infectados, o número de quem perde a vida é bem menor. Mas os óbitos estão crescendo; proporcionalmente o crescimento não é grande, mas está crescendo em velocidade menor. Também está aumentando o número de pessoas internadas e existe uma pressão no sistema de saúde”, finalizou Casagrande.