O Sindicato dos Auxiliares e Técnicos em Enfermagem do Espírito Santo (SITAEN-ES) marcou, para a próxima segunda-feira (1), às 7h00, em frente ao Hospital Jayme Santos Neves, em Morada de Laranjeiras, na Serra, uma Assembleia Geral Extraordinária, para deliberar se a categoria que trabalha no hospital vai entrar ou não em greve. O Jayme é referência para tratamento da Covid-19 no Espírito Santo.
Os trabalhadores já estão em estado de greve e podem decidir cruzar os braços depois da Assembleia.
A categoria reclama que não foram atendidas as reclamações sobre falta de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) adequados, sobre o alto índice de profissionais infectados pela Covid-19, sobre as diversas demissões de técnicos que estão no grupo de risco, entre eles pessoas com mais de 60 anos e prestes a se aposentar, sobre o corte de pagamento de benefícios como feriado em dobro e baixo salário. Desde 2017 que os trabalhadores não recebem aumento.
O Hospital Jayme é referência no atendimento para pacientes com Covid-19 no estado. Segundo o sindicato muitos técnicos e auxiliares que foram infectados pela doença acreditam que foi dentro do hospital devido à falta de EPI.
De acordo com o SITAEN-ES como muitos profissionais estão afastados pela doença e foram demitidos, quem continua trabalhando reclama que a carga de serviço dobrou. Alguns estão extrapolando suas funções realizando o serviço de maqueiro.
Ainda segundo o sindicato a falta de assistência com os doentes por Covid-19 é outra reclamação que não foi atendida. Por meio de nota o SITAEN-ES disse ainda que a direção do hospital não se importa se eles estão se recuperando bem ou não. Muitos relatam que sequer receberam uma ligação.
O salário baixo é outro grave motivo de insatisfação dos trabalhadores. Técnicos em enfermagem do hospital ganham pouco mais de R$ 1.200 reais.
Os trabalhadores também pediram que o governo estadual cumpra com a promessa de conceder o salário de R$ 2.400 reais que foram oferecidos para técnicos quem trabalha em hospitais de referência em Covid-19.
Na última sexta-feira (29), aconteceu mais uma negociação de acordo coletivo entre o SITAEN-ES e a Associação que administra o hospital, que foi intermediada pelo Ministério Público do Trabalho e acompanhada pelo governo do estado. No encontro o Sindicato reforçou os pedidos da categoria que não foram atendidos. A proposta da empresa será apresentada aos trabalhadores.
Se a decisão for por paralisar as atividades, a categoria vai decidir como vai ser o movimento em deliberação na Assembleia Geral. O Sindicato não descarta a possibilidade de trabalhadores de outros hospitais da Grande Vitória aderirem ao mesmo movimento.
Protesto silencioso
Após a realização da Assembleia Geral, os auxiliares e técnicos prometem realizar um protesto silencioso em frente ao hospital. A intenção dos profissionais é chamar a atenção da sociedade para o que acontece dentro do hospital referência em Covid-19 no estado.
De acordo com o SITAEN-ES os relatos de quem vive o dia a dia do hospital não são nada animadores. As ameaças de demissões e a sobrecarga de trabalho acabam influenciando na qualidade do atendimento de pacientes com Covid-19 e de outros setores. A revolta é quase que unanime.
Mesma revolta em outros hospitais
Na noite de sexta-feira (29), em Assembleia Geral Extraordinária, auxiliares e técnicos em enfermagem do Hospital Central, em Vitória, demonstraram sua insatisfação contra a péssima administração da Associação que gere a unidade. As reclamações são praticamente as mesmas da categoria do Hospital Jayme.
Técnicos que trabalham no setor de Covid-19 fizeram relatos graves que podem estar sendo vetores da doença dentro do Hospital. Muitos contaram que, devido à falta de profissionais, são obrigados a dar assistência em setores com pacientes que não têm a doença. Como não é oferecido EPI adequado e suficiente, eles circulam pelos diversos setores contaminando o local por onde passam. Alguns técnicos relatam que pacientes e profissionais estão se contaminando dentro do hospital.
Com medo de retaliações e demissões, os profissionais têm medo de formalizar a denúncia.
O TEMPO NOVO procurou a Secretaria de Estado da Saúde que disse que não foi notificada até o momento.