
De acordo com a escritora britânica Vivian Greene, a vida não é sobre esperar a tempestade passar, mas sobre aprender a dançar na chuva. Bem longe das terras inglesas, João Vitor, de 19 anos, segue essa linha de raciocínio diariamente em seus treinos para corridas de longa distância na Serra. O jovem atleta, que superou a morte do seu pai, afirmou que sequer tem dinheiro para comprar um tênis novo e mesmo se classificando para competições nacionais, não consegue ir por falta de renda.
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Com sonho de representar o ES e o Brasil em grandes maratonas e competições, João Vitor compete desde 2022, porém os treinos em corridas de curta distância faziam parte da rotina do atleta quando ainda era mais novo.
“Meu pai sempre me levava para os treinos, em 2017 eu competia nos 100m, atualmente sou um corredor de grandes distâncias como 800m, 1500m, 3000m e corridas de rua. Sempre gostei de correr desde a época dos jogos escolares, mas fiz uma pausa e retornei em 2021”, disse João Vitor.
Questionado sobre a motivação da pausa, João se emocionou. No dia 13 de março de 2018, 5 anos atrás, o pai do garoto faleceu e a vontade de correr se foi por um tempo. Segundo o serrano, foi um período difícil e com muitas crises de ansiedade, mas que o esporte o salvou.
“Depois que meu pai faleceu eu comecei a ter crises de ansiedade e também parei de correr, pois era ele quem me levava. Tive que tomar remédio pra controlar as crises, nem andar de ônibus eu conseguia. Depois que entrei no atletismo de novo, no finalzinho de outubro de 2021, nunca mais tive um episódio de crise e hoje estou bem graças a Deus”, disse o atleta.
E foi nessa volta por cima através do esporte que João Vitor descobriu seu talento nas corridas de longa distância. Apesar do pouco tempo de vivência em competições de rua, o garoto prodígio da Serra apresenta um histórico impressionante: são 8 pódios em 8 competições disputadas, com um 5º lugar geral entre 500 atletas e três títulos no total.
Mesmo com resultados expressivos, o apoio e investimento ainda são ausentes e impedem voos mais altos na carreira de João. Sem preparador físico, patrocinador e sequer condição de comprar um tênis novo, o atleta ainda se classificou para uma competição nacional no Cross Country, porém a falta de renda impossibilitou a concretização de mais um sonho.
O suporte que mantém a esperança de dias melhores vem dos familiares e do técnico e amigo Diogo Melo. Tênis, viagens e entre outros tipos de necessidade em cada competição são supridos com a ajuda de amigos.

“Antes eu sabia pouco sobre a vida de atleta do João, mas após algumas conversas eu me propus a somar com ele neste sonho. Tem sido maravilhoso acompanhar meu sobrinho em cada corrida, eu sempre fui muito próximo do meu irmão, que era pai dele, e sei como foi difícil a perda. As dificuldades quanto a apoio e investimento que ele tem passado estão fortalecendo ele dia após dia”, disse Cleberson, tio de João e figura presente nas competições.
Dessa forma, quem estiver interessado em ajudar ou patrocinar o jovem corredor pode entrar em contato através do Instagram @joaovitorvalim18. Materiais esportivos, tênis e outras contribuições são aceitas.