Ana Paula Bonelli
Estátuas, móveis e até objetos decorativos, tudo isso feito manualmente e de forma exclusiva. A Serra tem seus escultores que fazem suas artes usando materiais como madeira, vidro e ferro.
Um deles é José Ricardo Kauffman, de Jacaraípe, que trabalha com ferro, vidro e madeira. Dessa junção são criadas cadeiras, luminárias, aparadores, mesas e esculturas em formatos diversos. “Também faço porta chaves e objetivos decorativos”, acrescenta.
Argentino da cidade de Córdoba que adotou uma tranquila rua do bairro Capuba no famoso balneário serrano para morar, José conta que seu interesse por arte começou ainda na adolescência. “Assim que entrei na faculdade, cresceu meu interesse pelo ferro como matéria-prima. Foi quando busquei uma especialização na França. Minha passagem pela Europa durou sete anos, onde conheci técnicas de conservação do ferro que hoje aplico em meus trabalhos”, revela.
Outro escultor Jacaraípe é Neusso Ribeiro Farias. A paixão dele sempre foi pelas esculturas tendo como base madeira, mas o artista descobriu nos móveis uma forma de conseguir gerar renda sem perder o brilho de sua arte.
Neusso nasceu em Mucurici, extremo noroeste do ES, e acompanhou a caminhada familiar, trabalhando em fazendas até se estabelecer no bairro São Francisco em Jacaraípe, onde se fixou após construir a famosa Casa de Pedra, em 1990. O trabalho de Neusso atraiu outros artistas amigos, que se instalaram nos terrenos vizinhos e ergueram vários ateliês, deixando o legado para Serra e ao Espírito Santo a encantadora Vila das Artes.
Genésio Jacob Kuster, o Tute, da Serra-Sede, é outro escultor da cidade. Seu talento dá vida ao tradicional instrumento do congo capixaba, a casaca. O artesão, que define sua técnica como ‘sustentável’, usa madeira de eucalipto, PVC e epox. Tute trabalha com a arte há 28 anos. “Tem casaca minha em diversas partes do mundo, uma delas está num museu de Portugal e estamos enviando esta semana uma peça para Inglaterra”, conta com orgulho.
Ele também é o escultor da famosa estátua do mártir da Insurreição do Queimado, Chico Prego, que fica na avenida Getúlio Vagas, na Serra-Sede. Tuti usou concreto para esculpir o herói de uma da mais expressiva revolta de escravos da história do ES, ocorrida na Serra em 1849.