O governador Renato Casagrande (PSB) participou, juntamente com outros governadores brasileiros, de uma reunião on-line com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Durante a videoconferência, as lideranças políticas criticaram, mais uma vez, o pronunciamento feito pelo presidente na noite da última terça-feira (24). Segundo Casagrande, a fala feita por Bolsonaro é irresponsável.
De acordo com Casagrande, que fez uma coletiva de imprensa na manhã desta quarta-feira (25), o presidente não conversou muito com os governadores. “Ele (Bolsonaro) fez um discurso e logo após apenas coordenou a reunião. A mesma coisa que eu disse ontem sobre o pronunciamento dele, também falei durante a videoconferência. As palavras dele têm poder e mostram que estamos sem direção”, destacou o governador.
Casagrande afirmou ainda que todos os seus decretos de restrição e isolamento continuam valendo. “Esse é o problema da fala do presidente. A fala é irresponsável pois deixa dúvida na cabeça das pessoas. Meus decretos continuam valendo em todo o Espírito Santo”, disse o governador que ainda pediu que a população continue respeitando as determinações.
Durante a videoconferência, Bolsonaro mostrou-se infenso a medidas tomadas pelos Estados e pediu que o isolamento seja apenas vertical, ou seja, fiquem em casa somente as pessoas do grupo de risco. Casagrande relatou que os governadores não concordaram com a ideia e foram contra o discurso do presidente, que não reagiu.
“Eu gostaria muito de ter certeza que a posição do presidente estivesse certa, porque isso nos aliviaria muito, mas como gestor, por responsabilidade, eu não posso pagar para ver. Eu preciso cuidar para que a gente tome medidas e depois, pontualmente, vai fazendo a flexibilização (do isolamento)”, afirmou.
O discurso do presidente
Durante seu pronunciamento na noite desta terça-feira (24), Bolsonaro surpreendeu a todos dizendo que os governadores e prefeitos deveriam voltar à normalidade, se referindo contra o fechamento de comércios, escolas e outras ações feitas por lideranças políticas.
“Algumas poucas autoridades estaduais e municipais devem abandonar o conceito de terra arrasada, como proibição de transporte, fechamento de comércio e confinamento em massa. O que se passa no mundo tem mostrado que o grupo de risco é o das pessoas acima dos 60 anos. Então, por que fechar escolas?”.
Bolsonaro ainda criticou a imprensa pelo que ele classificou como “histeria”, mas logo depois fez alguns “elogios”. “Grande parte dos meios de comunicação foram na contramão. Espalharam exatamente a sensação de pavor, tendo como carro chefe o anúncio de um grande número de vítimas na Itália. Contudo, percebe-se que, de ontem para hoje, parte da imprensa mudou seu editorial. Pedem calma e tranquilidade. Isso é muito bom. Parabéns, imprensa brasileira.”, afirmou o presidente.
Durante o seu pronunciamento, Bolsonaro ainda disse que, caso ele contraísse o coronavírus, seria apenas uma “gripezinha”, graças a seu histórico de atleta. “No meu caso particular, pelo meu histórico de atleta, caso fosse contaminado pelo vírus, não precisaria me preocupar, nada sentiria ou seria, quando muito, acometido de uma gripezinha ou resfriadinho, como bem disse aquele conhecido médico daquela conhecida televisão.”
Assista o pronunciamento de Bolsonaro: