Aulas de campo levam crianças da Serra ao teatro e a monumentos históricos como Reis Magos e Queimado

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A atividade reuniu estudantes do 1º ao 6º ano e faz parte de uma proposta pedagógica que busca unir literatura, leitura e cultura para ampliar horizontes educacionais. Crédito: Divulgação

Quatrocentas crianças de uma escola pública da Serra tiveram a oportunidade de passar um dia no teatro, e para muitas delas, a experiência foi inédita. Os alunos da Escola Municipal Governador Carlos Lindemberg, localizada em Barro Branco, participaram nos dias 10 e 11 de setembro de uma aula de campo no Teatro Campaneli, na Enseada do Suá, em Vitória. Lá, eles assistiram à fábula Os Três Porquinhos, encantando-se com o universo das artes cênicas.

A atividade reuniu estudantes do 1º ao 6º ano e faz parte de uma proposta pedagógica que busca unir literatura, leitura e cultura para ampliar horizontes educacionais.

Escola pública se destaca com aulas de campo

O diretor Rogério Morais, junto à equipe pedagógica da Governador Carlos Lindemberg, vem investindo em saídas pedagógicas bem planejadas e significativas. O objetivo é oferecer vivências que vão além da sala de aula e contribuam para a formação integral dos estudantes.

As atividades começam na própria escola, onde os alunos têm contato com os contos de fadas na biblioteca, fazem rodas de leitura, cirandas e compartilham impressões sobre as histórias. A ida ao teatro é a culminância desse processo, trazendo um aprendizado prático e enriquecedor.

Segundo Rogério Morais, “a biblioteca escolar tem papel fundamental, pois promove o acesso ao conhecimento, incentiva a leitura e se torna um ponto de encontro entre os alunos até mesmo nos recreios, permitindo que troquem experiências e descubram jogos pedagógicos”, disse ao TN.

A biblioteca da escola conta com mais de 500 livros destinados ao público do 1º ao 5º ano e está sempre aberta para empréstimos, nos turnos matutino e vespertino. Para reforçar esse trabalho, a Secretaria Municipal de Educação também investe em estagiários do curso de Biblioteconomia para auxiliar no funcionamento.

Patrimônio histórico e cultural como sala de aula

Além da experiência no teatro, a escola também promove visitas a patrimônios culturais e históricos. Neste ano, 100 alunos do 8º ano visitarão a Igreja e Residência dos Reis Magos, em Nova Almeida, onde assistirão ao documentário Histórias Ocultas da Igreja de Reis Magos, produzido pelo cineasta e professor Rogério Morais.

No dia 30 de setembro, outros 150 alunos do 3º, 4º e 5º ano conhecerão as Ruínas da Igreja de São José do Queimado. No local, os estudantes terão contato direto com a memória da Revolta de Queimado, movimento histórico de resistência negra contra a escravidão.

Em maio deste ano, 115 alunos já haviam participado de uma aula no mesmo espaço, com explanações do historiador Clério Borges.

Aprendizados que ficam

A experiência no Teatro Campaneli com a peça Os Três Porquinhos foi especialmente significativa. Segundo a professora Eliane Magnoler, do 5º ano, as crianças fizeram reflexões profundas.

“Elas disseram que aprenderam sobre esforço, dedicação e união. Compararam com as tarefas escolares, entendendo que o trabalho bem feito e coletivo traz melhores resultados. Ficaram impressionadas com o porquinho que construiu a casa de tijolos, e associaram isso à importância de se planejar e se esforçar”.

Outros relatos reforçam o impacto da atividade como é o caso da aluna Amanda Vitória Santos da Costa, do 5º ano E, que esteve pela primeira vez num teatro. “Aprendi que o trabalho em equipe é essencial. Um deve ajudar o outro nas atividades. Foi minha primeira vez no teatro e gostei muito”.

A pedagoga Benedita Nascimento disse que a aula de campo é importante. “Ao sair do ambiente da sala, os alunos se sentem mais motivados com o aprendizado”.

“Foi gratificante, porque as crianças puderam vivenciar, na prática, uma história que já conheciam dos livros”, disse a professora Chaila Fagundes Alves de Moura, do 4º ano D.

Investimento e apoio

As saídas pedagógicas contam com apoio da vereadora Raphaela Moraes, que destinou emenda parlamentar de R$ 15 mil para custear despesas com transporte e ingressos.

Segundo Rogério Morais, “a aula de campo é fundamental porque promove aprendizado além dos muros da escola. É a oportunidade de vivenciar a história e a cultura da cidade, fortalecendo a educação de forma prática e cidadã”.

Escola referência em vivências pedagógicas

Nos últimos três anos, a EMEF Carlos Lindemberg levou seus alunos a museus, bibliotecas, planetários, cinemas, monumentos e outros espaços educativos. A proposta atende à Base Nacional Comum Curricular (BNCC), que prevê a integração entre teoria e prática como essencial para a aprendizagem.

Foto de Ana Paula Bonelli

Ana Paula Bonelli

Ana Paula Bonelli é repórter e chefe de redação do Jornal Tempo Novo, com 25 anos de atuação na equipe. Ao longo de sua trajetória, já contribuiu com diversas editorias do portal e hoje se destaca também à frente da coluna Divirta-se.

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