Yuri Scardini
Com discurso progressista e visando o desenvolvimento econômico para atender as demandas sociais da Serra, o vereador e pré-candidato a deputado federal, Guto Lorenzoni (Rede), defende projetos como um aeroporto internacional de cargas em Jacaraípe, esticar a Sudene até à Serra e rediscutir as divisas do município com a capital Vitória. Além disso, Guto defende o nome de Marina Silva para a presidência da Republica e acredita que a relação dela com o prefeito Audifax Barcelos (Rede), poderia tirar o ES do “esquecimento”.
Em recente pesquisa da DataFolha, Marina Silva venceria em todos os cenários do 2º turno, caso Lula não seja candidato. Se eleita, ela teria condições de governar o país?
Marina tem um pensamento construtivo, que vem ao encontro da população, sem discursos radicais e de polêmicas da sociedade. Tem uma reputação de honestidade ilibada, isso é fundamental. Tem experiência e pensa no desenvolvimento sustentável da sociedade. Ela tem total capacidade de liderar o Brasil para fora dessa crise.
A Serra é uma das maiores cidades comandadas por um redista (Audifax Barcelos). Caso a Marina vença as eleições, é possível que isso se redunde em mais atenção da União com a Serra e o ES?
Ela vai pensar na população como um todo, mas essa ligação é importante. Os capixabas estão no esquecimento. Vimos um aeroporto que demorou mais de 15 anos para ficar pronto, e ainda não está 100%. O Contorno do Mestre Álvaro, que está agarrado até hoje, vai ser uma obra de 30 anos se continuar nesse esquecimento. Tivemos o fim do Fundap, com perdas econômicas, sem ter sequer uma compensação financeira, assim como ocorreu com a Lei Kandir. Hoje o ES está entre os dez estados que mais produzem impostos para a União, e na hora de receber o recurso de volta para investimento somos os últimos. Audifax tem grande chance de virar ministro do país com Marina presidente e comandar esse crescimento do ES frente à União. Além da confiança que ele tem, já mostrou sua capacidade de gestão. Estamos muito animados.
A Rede-ES está fechada com a senadora Rose Freitas para o Governo?
O prefeito Audifax tem um carinho e um respeito muito grande com a senadora, que não mede esforços em trazer recursos para a Serra. Tem sido uma parceira fiel. Estamos na fase de conversas ainda, mas entendemos que é um caminho natural.
O senhor é cotado para disputar uma vaga de deputado federal, chancelado como principal candidato da Rede. Quais são suas propostas em Brasília?
Vou defender uma reforma tributária e um pacto federativo, para que os impostos federais arrecadados no município voltem de forma igualitária. Temos uma carga tributária, que chega a 70% em alguns itens. A diminuição disso poderia favorece à produção das indústrias, a contratação de mão de obra e geração de renda. Paralelo a isso, diminuir as mordomias e os gastos públicos.
E o que se pode fazer com olhar para a Serra?
Há também coisas pontuais aqui da Serra. Temos que discutir as divisas do município. A Serra recebe os impactos do Porto de Praia Mole, um dos maiores do ES, mas os impostos vão todos para Vitória, é fazer justiça fiscal. Outra coisa é esse contrato da Eco 101. A praça de pedágio da Serra deve ser a mais lucrativa para a empresa, mas ela se nega a assumir o Contorno de Vitória como trecho de concessão. Já o trecho que liga Serra-Sede e Fundão já deveria estar duplicado desde maio de 2017, é um absurdo. Temos os trechos mais violentos do país e a BR é o principal modal logístico.
Serra é a cidade que mais recebe imigrantes com a maior demanda social. Como equilibrar isso economicamente?
A Serra nos últimos dez anos cresceu aproximadamente 120 mil pessoas, das quais 70% necessitam intrinsecamente dos serviços públicos. Precisamos que o Estado e a União deem um olhar diferente para nossa situação. Precisamos de apoio para desenvolver projetos com as nossas potencialidades.
Pode citar alguns?
Temos localização privilegiada e moldais de logística que podem ser explorados. Carapebus é propício para abrigar um porto e temos área entre Nova Almeida e Jacaraípe para um aeroporto internacional de cargas, são batalhas que vou travar em Brasília. São âncoras de desenvolvimento tal como a Arcelor Mittal foi em 1983. Outra questão é esticar a Sudene até a Serra, isso é possível, há argumentos para tal. Com isso atrair mais empresas e aumentar a arrecadação de impostos e gera mais oportunidade para nossa população.
Como fica a governabilidade do prefeito Audifax, especialmente no próximo biênio (2019-2020), frente a essa Câmara dominada pela oposição?
Se pegar a história da Câmara, sempre existiu essa disputa. O que não podemos deixar é que se misture com o Executivo. Acho que daqui a uns 30 dias, 40 dias, na hora que as coisas se assentarem. Acho que as matérias do Executivo que vierem para a Casa vão ser trabalhadas de acordo com o que rege o Regimento Interno e a Lei Orgânica. Até porque, se não for assim, não é o prefeito que sai prejudicado, são 500 mil pessoas.