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Volta às aulas é uma “pena de morte” para alunos e profissionais, diz professor da Serra

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As escolas seguem sem aulas até o próximo dia 31, quando será divulgada uma nova atualização sobre as escolas. Foto: Divulgação

A possível volta às aulas prevista para setembro no Espírito Santo tem causado preocupações para os professores e outros profissionais da educação na Serra. O TEMPO NOVO vem conversando com a categoria, que teme mortes de alunos e professores por causa da Covid-19. De acordo com o Governo do Estado, existe uma “grande vontade” para a retomada das aulas presenciais no ES. Em toda a Serra, já são 12.780 moradores infectados, 461 mortos e 11.471 pacientes já curados do coronavírus.

Um dos professores ouvidos pela reportagem assumiu que, por causa da volta às aulas, teme pela vida de profissionais da categoria e também dos alunos. “Diante de um quadro de possibilidades reais de morte súbita pelo vírus, ainda sem o controle da Ciência, retornar para a sala de aula seria uma pena de morte para muitos de nós, Educadores. Muitos de nós não se comportariam como robôs, ao evitar um abraço de muitos de nossos alunos, seja pelo tempo de afastamento ou mesmo pelo hábito normal de cumprimentar.  Assim também seria entre eles alunos”, destacou Sebastião Garcia.

Conforme noticiado pelo TEMPO NOVO no último domingo (16), todos os professores ouvidos pela reportagem até o momento responderam “não” para a pergunta enviada: “Você concorda com a volta às aulas neste momento?”. Os profissionais ainda relataram outros problemas que serão enfrentados pelas escolas, caso as aulas sejam retomadas. Entre eles, está a falta de estrutura: salas apertadas e com muitos estudantes em locais, que muitas vezes, recebem pouca ventilação.

Um outra preocupação dos profissionais é com o caminho dos estudantes para as escolas, já que muitos estudantes utilizam o transporte coletivo, que nos horários de picos estão sempre lotados. Muita aglomeração pode ser sinal de contaminação. E um aluno contaminado dentro da escola pode ser um grande risco para funcionários e estudantes.

Sebastião ainda criticou a postura do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que já demonstrou ser a favor do retorno às aulas, mesmo com a pandemia ainda avançando. “Teremos que aguardar que tenhamos as reais condições de segurança para que os professores possam voltar a atuar. Diferente do que manifesta o presidente da nossa República, a vida deve estar em primeiro lugar. E não se forma um bom professor em apenas algumas semanas.”

Quem também não apoia o retorno presencial é a Gabriela Félix. De acordo com ela, a retomada presencial é precipitada. “Temos visto ao redor do mundo tantas retomadas e tantas mudanças ao mesmo tempo. Retomam, acontece a contaminação e, mais uma vez, fecham escolas”, destacou.

Gabriela ainda alertou que as flexibilizações de medidas contra a pandemia causaram um certo relaxamento nas pessoas. “Sabemos da importância do convívio social para crianças e adolescentes; sabemos que muitos pais precisam trabalhar e a escola é o local onde muitos alunos ficam para que isso seja possível. Mas quanto vale a vida? Se observarmos ao nosso redor, a flexibilização ajudou a relaxar o comportamento das pessoas. Muitas não estão cumprindo mais os protocolos para evitar uma possível contaminação”.

Gabriela Félix é uma das professoras que não apoia o retorno presencial neste momento. Foto: Arquivo pessoal

E continuou: “O trajeto casa-escola, dentro do transporte público, também pode aumentar a aglomeração em horários de pico. Como professora e mãe, acho arriscado um retorno sem qualquer garantia concreta de protocolos e medidas que assegurem a vida de todos.”

Fabrício Rufino, também morador da Serra, conversou com a reportagem e também disse ser contra o retorno das aulas nessa atual situação. “É muito arriscado e agravante o retorno as aulas presenciais, principalmente pelo fato de ocorrer em momento de desmobilização de recursos de saúde e desmonte/remanejamento de leitos para a Covid, que podem ser demandados de forma súbita num cenário de espalhamento da doença em função da volta às aulas.”

DA REDAÇÃO: As falas dos professores foram reduzidas para melhor leitura da matéria. Você, internauta, pode conferir os depoimentos na íntegra no final dessa reportagem.

Vale destacar que, na Serra, as aulas presenciais continuam suspensas até o dia 31 de agosto. De acordo com a Secretaria Municipal de Educação, o retorno dos alunos só acontecerá após as recomendações dos órgãos de saúde e seguindo o protocolo sanitário do município.

Casagrande demonstra que aulas podem voltar em setembro

Renato Casagrande afirmou que aulas poderão ser retomadas em setembro. Foto: Ales

“Temos muita vontade de voltar com as aulas presenciais, mas ainda estamos em dúvida. Temos algumas regiões do Estado, como o litoral Sul, por exemplo, em que temos uma transmissão acima de 1. Não é só o índice de transmissão que estamos atentos. Ainda temos uma letalidade alta, ainda temos número de pessoas que perdem a vida muito alto. Ainda estamos no dia 6, precisamos avançar um pouco mais para tomar medidas. Estamos na expectativa de que em setembro a gente possa voltar, mas ainda não posso bater o martelo”, destacou o governador Renato Casagrande na coletiva dada no início deste mês.

Casagrande ainda explicou sobre a queda na velocidade da transmissão. “Nós estamos em queda. Vamos continuar identificando muitos casos de pessoas com coronavírus no Estado até chegarmos ao número total. Os municípios estão testando mais, nós estamos crescendo o número de pessoas identificadas com a Covid-19. É importante a gente avaliar que a velocidade de transmissão está caindo e avaliar o número de óbitos, que também está caindo. Isso é uma vitória de uma batalha, temos muito pela frente ainda”, afirmou.

Confira na íntegra o depoimento de cada professor ouvido pela reportagem:

  • Sebastião Garcia

“Nós temos acompanhado, com preocupação, as pressões políticas dos empresários das escolas particulares e do Governo Federal para o retorno das aulas presenciais. Durante a pandemia temos (nós professores da rede pública de ensino) realizamos e enviamos nossas atividades através das ferramentas da internet, e lhe confesso, que isto não é bom; nem para nós e acredito que, muito menos para os alunos que, isoladamente têm que realizar essas atividades sem o apoio físico do(a) Professor(a). Sabemos que é muito difícil para os alunos.

Entretanto, diante de um quadro de possibilidades reais de morte súbita pelo vírus, ainda sem o controle da Ciência, retornar para a sala de aula seria uma pena de morte para muitos de nós, Educadores. Muitos de nós não se comportariam como robôs, ao evitar um abraço de muitos de nossos alunos, seja pelo tempo de afastamento ou mesmo pelo hábito normal de cumprimentar. Assim também seria entre eles, alunos.

Portanto, mesmo com os chamados protocolos das autoridades de saúde, que visam defender os interesses financeiros daqueles donos de escolas particulares, muitos Profissionais das escolas estariam em grave risco de perderem suas Vidas. Ainda considerando o desconhecimento completo das formas de contágio pelos cientistas.

Teremos que aguardar que tenhamos as reais condições de segurança para que os Professores(as) possam voltar a atuar. Diferente do que manifesta o presidente da nossa República, a vida deve estar em primeiro lugar. E não se forma um(a) bom professor (a) em apenas algumas semanas.”

  • Gabriela Félix

O que você acha sobre a volta às aulas?

“Retorno, nesse momento, é algo precipitado. Temos visto ao redor do mundo tantas retomadas e tantas mudanças ao mesmo tempo. Retomam, acontece a contaminação e, mais uma vez, fecham escolas. Sabemos da importância do convívio social para crianças e adolescentes; sabemos que muitos pais precisam trabalhar e a escola é o local onde muitos alunos ficam para que isso seja possível. Mas quanto vale a vida? Se observarmos ao nosso redor, a flexibilização ajudou a relaxar o comportamento das pessoas.

Muitas não estão cumprindo mais os protocolos para evitar uma possível contaminação. A fala do nosso secretário, em entrevista, diz que os nossos alunos já estão cumprindo protocolos e que a retomada será fácil por isso. Não! Seja em bairro de classe media ou periferia, o que se observa é que muitos já não estão cumprindo nenhuma regra de distanciamento mais. Que garantias temos sobre o cumprimento desses protocolos por parte de toda a comunidade escolar?

Pequenos espaços, falta de dinheiro para o básico dentro das escolas ajudará a reduzir qualquer risco de contaminação? E não é só a escola. O trajeto casa-escola, dentro do transporte público, também pode aumentar a aglomeração em horários de pico. Como professora e mãe, acho arriscado um retorno sem qualquer garantia concreta de protocolos e medidas que assegurem à vida de todos.”

Acha que o ambiente escolar está pronto para receber alunos em meio à pandemia?

“Não está pronto. Como garantir a separação de 40 alunos matriculados em uma sala num pequeno espaço entre cadeiras, mochilas? Como garantir que não exista contato entre 600 – 1000 estudantes no horário do recreio? Não é apenas a questão de protocolos. Será que a escola e seus professores estará preparada para receber estudantes cheios de questões emocionais por conta do isolamento?

Muitos vão ter perdido parentes por causa do coronavírus (COVID-19) ou os pais ficaram desempregados, o padrão de vida pode ter sofrido uma queda brusca, enfim, os problemas são diversos. Será que teremos suporte da Secretaria de Educação para atender esse tipo de demanda?

E nós professores? A escola estará preparada para receber um professor desgastado por um serviço remoto no qual nunca fui preparado? E nossas questões emocionais? Será que a escola também estará pronta para nos ouvir? São diversas questões a serem debatidas e o que temos observado é a falta de diálogo entre Sedu, escola e seus dois principais protagonistas: professores e alunos.”

  • Fabrício Rufino

“É muito arriscado e agravante o retorno as aulas presenciais, principalmente pelo fato de ocorrer em momento de desmobilização de recursos de saúde e desmonte/remanejamento de leitos para a Covid, que podem ser demandados de forma súbita num cenário de espalhamento da doença em função da volta às aulas.”

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