Vitória, Cariacica e Vila Velha matam mais que a Serra em 2023

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HomicÍdio a luz do dia em José de Anchieta: estancar a matança é desafio para a Serra
Homicídio no bairro São Marcos, em 2014: na época cidade ampliava liderança no ranking da violência no Espirito Santo. Foto: Arquivo TN

O flagelo da violência urbana na Serra esteve em escalada desde a década de 1960, quando o processo de industrialização impulsionou o crescimento populacional e a urbanização, sem que medidas de mitigação de impactos fossem implementadas. A situação se agravou a partir da década de 1990; desde esse período, Serra começou a não apenas liderar os rankings de homicídios, mas também a registrar de 100 a 150 mortes a mais do que o segundo colocado. Em 2008, o município foi achincalhado em âmbito nacional, recebendo o título de cidade que mais matou no Brasil.

Uma década depois, em 2018, Serra, pela primeira vez desde a série histórica de 1996, deixou a liderança do ranking, quando naquele ano Cariacica superou o total de homicídios registrados na Serra. Desde então, o município não voltou a ocupar o topo da lista. Em 2023, foram observados a continuação de um tendencia: a redução desse dado.

De acordo com dados publicados pela Secretaria de Segurança Pública do Espírito Santo (Sesp), a Serra apresentou uma redução de 13,3% no número de assassinatos em comparação com o ano anterior. Foram registradas 117 mortes em 2023, o menor número da série histórica. Em termos globais, o município ficou em 2º lugar no ranking, atrás de Vila Velha, que registrou 119 homicídios. Cariacica ficou em 3º lugar com 114 homicídios e Vitória em 4º, com 85. O caso da capital, Vitória, é particularmente preocupante, já que, a cidade está na contramão da tendência de redução de homicídios na região metropolitana, pois, enquanto Serra, Vila Velha e Cariacica apresentaram redução percentual no número de assassinatos, Vitória, por outro lado, teve um aumento de 21,4% comparado aos dados de 2022.

A situação da capital é ainda mais desfavorável quando se observa os dados na ótica da proporcionalidade. Aliás, segurança pública precisa ser avaliada nessa perspectiva, caso contrário, naturalmente a cidade mais populosa tende a sempre ocupar as cabeças das listas de homicídios, exatamente por ter uma população mais numerosa. A avaliação proporcional, como por 100.000 habitantes, permite uma comparação mais justa, independentemente do tamanho da população; e nesse sentido os dados revelam uma realidade mais animadora em relação a Serra. O ranking das cidades da Grande Vitória em relação às taxas de homicídios por 100.000 habitantes, do maior para o menor, é o seguinte:

  1. Cariacica: 32,25 homicídios por 100.000 habitantes
  2. Vitória: 26,33 homicídios por 100.000 habitantes
  3. Vila Velha: 25,44 homicídios por 100.000 habitantes
  4. Serra: 22,47 homicídios por 100.000 habitantes
  5. Guarapari: 16,85 homicídios por 100.000 habitantes
  6. Viana: 10,90 homicídios por 100.000 habitantes

Ou seja, avaliado na perspectiva proporcional, que permite um melhor dimensionamento das taxas de violência, a Serra fica em 4º lugar no ranking de homicídios, atrás de Cariacica, Vila Velha e Vitória. Além disso, a Serra está pouco abaixo da média nacional, o que contrasta e muito com a história recente da cidade. Em 2023 o Brasil registrou 22,38 mortes a cada 100 mil habitantes, de acordo com dados do Estudo Global sobre Homicídios 2023, divulgado pela ONU no final do ano passado.

 

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Yuri Scardini

Yuri Scardini é diretor de jornalismo do Jornal Tempo Novo e colunista do portal. À frente da coluna Mestre Álvaro, aborda temas relevantes para quem vive na Serra, com análises aprofundadas sobre política, economia e outros assuntos que impactam diretamente a vida da população local. Seu trabalho se destaca pela leitura crítica dos fatos e pelo uso de dados para embasar reflexões sobre o município e o Espírito Santo.

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