Por Bruno Lyra
Caio Dias
Crise? Não para bares e restaurantes da orla da Serra que, com poucas exceções, comemoram o aumento do faturamento neste verão em relação à alta temporada do ano passado. É praticamente consenso entre os comerciantes que as praias distribuídas pelos 23 km de litoral da cidade estão mais movimentadas neste janeiro de 2017. Infelizmente, tal movimento não refletiu em hoteis e pousadas, que estão mais vazios.
Tradicional point da praia do Barrote em Jacaraípe, o Restaurante Berro D’água, está tendo aumento de cerca de 80% nas vendas se comparado com verão do ano passado. Segundo a proprietária Lara Lafetá, há mais turistas e até mesmo moradores de Jacaraípe frequentando o local. “O mar está mais bonito este ano, tem mais gente na praia. Nesta época dobramos o número de funcionários”, frisa.
Inaugurado em julho, essa é a primeira alta temporada do Kasa Nossa, também em Jacaraípe. E segundo o proprietário Marcus Fábio Saadi, o movimento no estabelecimento cresceu 100% em relação à baixa temporada. Por isto, Fábio precisou contratar mais cinco funcionários.
Em outro balneário famoso da Serra, Manguinhos, os bares e restaurantes também viram crescer o movimento em relação ao verão de 2016. No Enseada Manguinhos, o funcionário José Antônio não deu números, mas garantiu que o verão de 2017 está mais ‘aquecido’ que o do ano passado, acrescentando que precisou contratar dez funcionários extras para a alta temporada.
Vendas que também estão maiores noutra casa de referência em Manguinhos, o Pierrot da Praia. O proprietário Anirton Adam ainda não tem números, mas já percebeu o crescimento. Mesmo assim, não precisou fazer contratações extras.
Na praia de Bicanga, o quiosque Ilha do Surf está com aumento médio de 25% nas vendas em relação ao verão passado, diz o proprietário Rudiney Botelho. Fato que ele atribui, além do movimento maior na praia, aos investimento que fez na decoração do espaço e na cozinha. Para dar conta do aumento, foi preciso contratar mais duas pessoas, além das três que já atuam no estabelecimento.
Carapebus tem queda e pede mais divulgação
Já em Carapebus o comércio de praia não sentiu melhora. Houve até quem registrasse queda, como o Quiosque Cavalo Marinho. Segundo o proprietário Wanderson Santiago o declínio em relação ao mesmo perriodo de 2016 chega a 15% nas vendas. Para tentar reverter, o empresário tem colocado música ao vivo aos domingos.
“Mas falta estrutura, limpeza mais frequente da praia e mesmo divulgação do balneário para melhorar o movimento”, opina Wanderson.
Também de Carapebus, o Silvas Bar e Restaurante também teve, queda, porém mais suave. “Tem muita gente nas prias, mas consumindo menos. Nosso movimento caiu cerca de 5% em relação ao verão do ano passado. Mesmos assim cresce muito em relação à baixa temporada, chego a ter 27 funcionários no verão, fora dele não passa de seis”, conta a proprietária Marizia José Coutinho.
E assim como seu colega do Qiuosque Cavalo Marinho, Marizia lamenta a pouca divulgação e a falta de sinalização nas principais rodovias que cortam a cidade indicando o caminho para Carapebus.
Movimento em hotéis e pousadas é ruim
Se para bares e restaurantes da Serra, salvo algumas exceções, o verão de 2017 está ‘pocando’, em hotéis e pousadas a coisa não anda nada bem. Em pleno janeiro, há estabelecimentos que estão passando dias sem um hóspede sequer.
É o caso da Pousada do Caju em Manguinhos. Segundo o proprietário Roberto Dias, até a última quinta-feira (19) ainda não havia sido registrada nenhuma hospedagem na semana. “Calculo uma queda de 80% em relação ao verão passado. Em dezembro foram contratados dois funcionários extras, no réveillon a pousada ficou lotada. Mas por conta da baixa ocupação em janeiro, as contratações extras foram dispensadas”, conta
Do Hotel Praia Sol em Nova Almeida, Paulo Amorim, não informou números, mas garante que houve queda no número de hospedagens em relação a 2016. “Estamos com uma taxa de ocupação por volta de 30% em janeiro. Por equanto não foi preciso contratar mão de obra extra para o verão, já temos um quadro de funcionários fixos que dá conta”, detalha.
Referência de hospedagem nas prias da Serra, o Inter Hotel em Jacaraípe já não tem mais o movimento dos tempos áureos. Segundo o gerente do estabelecimento, Elias dos Santos Ramos, neste janeiro dos 80 apartamentos cerca de 20 estão ocupados. “Está um pouco melhor do que 2016, mesmo assim segue horrível. Até 2013 tínhamos ocupação de praticamente 100% em janeiro”, observa.
Mais do que a atual crise econômica, para Elias faltam políticas de incentivo ao turismo na cidade. “Até 2009 havia um centro de informações tuísticas em Jacaraípe. Agora só há insegurança. Em duas semanas, três carros foram roubados perto do hotel, um deles de um cliente. O turismo da Serra está abandonado”, desabafa.
Na pousada Vianna Mar em Carapebus, o cenário não é diferente. O proprietário Oriomar Vianna, disse que no reveillón a ocupação foi de 50%. A reportagem esteve no estabelecimento na 2ª semana de janeiro e não havia um hóspede sequer.