Vale e Arcelor a sete chaves

Compartilhe:

Por Bruno Lyra

 Não será justo se a renovação das licenças ambientais de Vale e ArcelorMittal Tubarão, que está sendo conduzida pelo Instituto Estadual de Meio Ambiente (Iema), não tiver a participação da Serra e comunidades do município.

 Até agora, tal renovação está a sete chaves. Não se sabe se haverão novas exigências às gigantes da siderurgia para reduzir a poluição por gases e pó preto. Por hora, se sabe apenas que as licenças se referem ao conjunto das atividades na planta industrial, que inclui a fabricação das pelotas de minério e aço além da gigantesca logística. E que tais licenças vinham sendo renovadas automaticamente sem discussões com os municípios e comunidades há pelo menos 10 anos.   

São licenças separadas. São empresas diferentes, com CNPJ’s distintos. Mas para quem sofre os impactos negativos é tudo uma coisa só, já que a fabricação do aço em larga escala como é na Arcelor, só é viável se houver uma planta de pelotização de minério encostada. Das duas vem pó preto, gases, os impactos no trânsito, o tráfego incessante de comboios titânicos de trens carregados de pó de minério, calcário, carvão e outros produtos associados à siderurgia.

Impactos que certamente pesam muito sobre a Serra. Os acessos ferroviário e rodoviário a Tubarão são pelo município. É do rio que abastece a Serra que Vale e Arcelor se servem. Aliás, são as maiores consumidoras individuais do rio Santa Maria, fora o uso da água subterrânea e até do  oceano.

Na Serra a periferização gerada pelo afluxo migratório desordenado durante as obras das siderúrgicas foi mais marcante que nas demais cidades, basta comparar os índices de violência com as vizinhas para ver.

E apesar do vento nordeste soprar o ar sujo de Tubarão Vitória, Vila Velha e Cariacica boa parte do ano, quando vêm as inversões térmicas e o vento sul a sujeira chega à Serra com força. Moradores de Cidade Continental, Carapebus, Bicanga que o digam.

Mais patético ainda é que pra Serra só sobra metade dos impostos da Arcelor. Da Vale e dos portos, além da outra metade tributada da siderúrgica indiana, vai tudo para Vitória. Ou a Serra põe o pé na porta desse licenciamento ou seguirá sua sina de cidade com pouca voz no ES.  

Quer receber notícias diretamente no seu email? Preencha abaixo!

Sua inscrição não pôde ser concluída. Tente novamente.
Enviamos um e-mail para você. Se não aparecer na caixa de entrada, dá uma olhadinha no spam.

Notícias da Serra/ES no seu email

Resumo diário, gratuito e direto no seu e-mail:

Foto de Ana Paula Bonelli

Ana Paula Bonelli

Ana Paula Bonelli é repórter e chefe de redação do Jornal Tempo Novo, com 25 anos de atuação na equipe. Ao longo de sua trajetória, já contribuiu com diversas editorias do portal e hoje se destaca também à frente da coluna Divirta-se.

Leia também