Seguindo na contramão do mercado, as empresas de TI estão contratando. Apesar da velocidade com que vêm contratando, não conseguem dar conta da demanda de mercado. A dificuldade é que não existe uma quantidade de profissionais qualificados disponíveis no mercado, suficientes para suprir essa demanda.
Um agravante para a situação é a grande rotatividade desses profissionais. Segundo levantamento feito pela Fundação Instituto de Administração (FIA), profissionais que têm perfil técnico, graduados em nível superior, que trabalham nessa área, têm duas vezes mais chances de deixar a empresa em menos de três anos, se compararmos com outros funcionários da mesma empresa.
Isso gera um estresse muito grande nas empresas, pois não é fácil encontrar um novo profissional, treiná-lo e inseri-lo na cultura da empresa para que retome os projetos deixados pelo colaborador que saiu.
E se isso tudo não bastasse, os cursos e habilidades exigidas pelo mercado para esse tipo de profissional, cresce exponencialmente, no mesmo ritmo das novidades e avanços tecnológicos, o que faz com que o profissional esteja constantemente pressionado por capacitações e especializações.
“A demanda existente é real, especialmente depois do início da Pandemia, quando a exigência por soluções nessa área explodiu, mas simplesmente não conseguimos acompanhar”, explica o CEO da Mitis, Rodrigo Maxwel.
Demanda reprimida
O mercado de TI, corresponde hoje a cerca de 7% do PIB nacional, e segundo levantamento feito em 2018 pela Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom), demandará até 2024, algo em torno de 420 mil novos empregos.
Um dado preocupante é que em um país com mais de 13 milhões de desempregados, sobram vagas para trabalhar em TI. Isso significa dizer que, há poucos profissionais capacitados no país, e aqueles que estão procurando emprego não estão plenamente capacitados a atuar nessa área.
Outro ponto crítico é que o ritmo de formação desses profissionais no país não consegue acompanhar a crescente demanda do mercado para essa área. O resultado desse processo é um acúmulo de vagas em disponibilidade sem ter quem as preencha.
Para Rodrigo essa é uma situação preocupante. “Estamos em vias de sofrer um estrangulamento por força da falta de mão de obra especializada, frente a demanda do mercado, e isso é ruim”, explicou.
Isso quer dizer que possíveis investimentos que seriam realizados dentro do país podem não acontecer e soluções que poderiam ser desenvolvidas internamente precisarão da contratação de mão de obra estrangeira. “Isso não é interessante para ninguém!”, avaliou Rodrigo.
Estágios
Essa é uma importante porta de entrada no mercado para os profissionais recém-formados ou que ainda estão fazendo o seu curso profissionalizante ou superior.
Em um levantamento feito pelo Centro de Integração Empresa Escola (CIEE), no primeiro semestre de 2021, foram contratados 93.074 estagiários, 4,6% a mais que no mesmo período do ano passado.
“Para quem está procurando uma colocação no mercado, mas ainda não tem a experiência necessária, essa é uma alternativa importante, que agrega bastante à formação e ao currículo dos candidatos”, afirmou Rodrigo.
